Se custos para Copa são altos, convém auditá-los



Sou defensor do combate aos gastos excessivos que o Brasil está tendo para a realização da Copa, em atender o padrão FIFA, entidade que quer ter poderio maior do que os dos chefes das nações onde é realizado o evento. O editorial do Jornal O Liberal desta segunda-feira, me satisfaz por seu conteúdo, rico em protestos contra os gastos. (PV)

Uma coisa são os atrasos vergonhosos de estádios onde serão disputados jogos da Copa. Outra coisa são as providências para garantir a segurança do evento.
Uma coisa são as críticas, justas e pertinentes, a gastos bilionários para a realização do Mundial que começa em junho. Outra coisa é a responsabilidade dos poderes públicos - Federal, estaduais e municipais - em garantir que, apesar dos pesares, a segurança de todos será preservada.
Ninguém, nem mesmo as vozes oficiais - para não dizer oficialíssimas -, escondem mais que protestos violentos estão programados para ocorrer durante o Mundial.
Setores de inteligência que monitoram, desde junho do ano passado, os grupos que se notabilizaram em cometer violências assustadoras, durante protestos que levaram multidões às ruas de todo o país, já dispõem de elementos consistentes para afirmar que não há como evitar manifestações violentas.
Qual a consequência disso? O governo, garantidor da segurança pública e fiador da realização de um evento de magnitude mundial como a Copa, não pode dormir em berço esplêndido, a exemplo do que fizeram, parece, os responsáveis pela construção de equipamentos públicos que poderiam oferecer mais conforto aos torcedores, mas que se encontram atrasados.
Como a omissão em mobilizar aparatos de segurança seria um crime indesculpável, à primeira vista carecem de consistência as avaliações tendentes a considerar exageradas as medidas anunciadas no último final de semana, pelo governo federal, para viabilizar o mínimo de condições para que a Copa se realize com tranquilidade, ou melhor, sem atropelos de monta.
O plano de segurança, conforme anunciado, inclui o emprego de 170 mil profissionais, um custo total de R$ 1,9 bilhão e pretende coibir a violência em possíveis protestos, que estão entre as principais preocupações para o torneio após as manifestações ocorridas na Copa das Confederações do ano passado.
A Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos explica que o plano da segurança exigiu investimentos que começaram a ser feitos em 2011 e contará com 150 mil profissionais de segurança pública e Forças Armadas, que se juntarão a 20 mil agentes privados.
O uso das Forças Armadas só ocorrerá em casos extremos, de acordo com o assessor especial para grandes eventos do Ministério da Defesa, general Jamil Megid. Entre as atribuições das Forças Armadas estão controle do espaço aéreo, defesa de estruturas estratégicas, prevenção e combate ao terrorismo e força de contingência.
No caso de uma perturbação da ordem pública que suplante a capacidade da segurança pública local ou que se constate insuficiência de meios, será aplicado o dispositivo legal que permite o emprego das Forças Armadas para garantir a ordem.
Isso tudo será suficiente para evitar exposições de torcedores e autoridades a riscos? No momento, ninguém se arrisca a dizer. Mas lembre-se que, mesmo para a Copa das Confederações, um grande aparato de segurança chegou a mostrar a cara, mas não conseguiu evitar incidentes.
Um ônibus com representantes da Fifa, por exemplo, chegou a ser alvejado em Salvador, mas a entidade que controla o futebol mundial disse que não se sente alvo dos protestos.
Não há importância alguma, todavia, saber se a Fifa se sente ou não alvo de protestos. Importa, isso sim, evitar que manifestações representem riscos significativos para qualquer pessoa, da presidente da República ao mais anônimo torcedor, aquele que comprou ingressos com sacrifício para assistir a partidas do Mundial.
Se os custos de quase R$ 2 bilhões são exagerados, então que sejam auditados devidamente. Mas é inequívoco que a segurança é item prioritário para um evento como a Copa. É esse encargo, intransferível, é do Poder Público.

Fonte: ORM NEWS