Carimbó invade o carnaval


O carnaval na Fundação Cultural do Pará (FCP) vai ter uma batucada diferente. Hoje, o teatro Margarida Schivasappa, do Centur, dá início à agenda de fevereiro do projeto 1/4 de Arte, recebendo o grupo Novos Canarinhos, de Marapanim, e seu “carnarimbó”. O músico Eber Costa, líder do grupo, garante a adaptação de vários sambas-enredo famosos à batida do ritmo que é patrimônio imaterial da cultura brasileira. A apresentação está marcada para 20 horas e os ingressos custam R$ 10.
Vem de Marapanim, um dos berços e cidade considerada uma das guardiãs da tradição e cultura do carimbó, a proposta de utilizar o ritmo tipicamente paraense nas festas de carnaval. Quem traz a mistura de batuques neste ano é o grupo Novos Canarinhos, que em 2015 completa dez anos de existência. Mas essa ideia é mais antiga do que pode parecer. “Em 1980 ou 1990 já havia o carnarimbó, no estilo de uma banda nova, mais ou menos como o Pinduca faz”, explica Eber Costa, responsável pelos Novos Canarinhos - e que, de primeira, torcia o nariz para a ideia. “Eu era meio radical, defendia que não se podia misturar o carimbó de raiz. Mas depois percebi que é preciso aceitar. Até a Igreja Católica, antes ferrenha, hoje é aberta ao diálogo”, disse Costa, lembrando que o Papa Francisco recebeu na última semana a visita de um transexual no Vaticano. 
A opinião de Eber encontra eco em atitudes de nomes consagrados do carimbó de Marapanim, como mestre Bento. “O Bento, nosso mestre, sem saber fez um carnarimbó, com uma música do Zeca Pagodinho”, diz Eber. E é nesta linha que os Novos Canarinhos seguem. Eber explica que o repertório é composto de sambas, pagodes e sambas-enredo, adaptados para a pegada brejeira do carimbó, em uma formação que leva além dos instrumentos tradicionais - curimbós, banjos, flautas - um naipe de metais, sopros e até guitarras. “Quando o cachê é bom coloco até um baixo e uma viola para nos acompanhar”, diz.

Magazine O Liberal