O que Gugu, a camiseta do Huck e desgoverno de Dilma têm em comum? Que o Brasil 2015 é uma farsa


Dentre tantos "oes" citados pelo autor do texto, baseado em todo esse lamaçal, acrescento por minha conta: chefões, paspalhões, arenões (futebol) anões e outras problemáticas que assolam, o país. Estão faltando nomes e um deles é blindado, não sei nem porque, mas talvez, lá  na frente, esse nome possa figurar nas "relações" dos que usufruem do dinheiro público e ainda por cima desdenham do "Zé povinho".,Leiam o artigo e faça suas avaliaÇÕES.





Para qualquer lado que se olhe, só se vê bobagem. Um risco seria fazer um diagnóstico “anglo saxão”, e dizer que nos trópicos não há competência, que os índios e negros deixaram uma herança festiva que impede as boas práticas gerenciais, que o tráfico de influência e a corrupção brotam, sei lá, das palmeiras ao vento. Nessa linha, não seria impossível concluir que precisamos de uma nova intervenção militar (afinal o exército é, ou gostaria de ser, a última reserva de, hm, “disciplina” em estado puro).
Isso é dizer que, de certa forma, no Brasil há “branco” (no sentido yang de ordem, autoridade, disciplina) de menos. Pois eu tendo a pensar que há “branco” (no sentido yang de vontade de realizar, de prosperar) até demais. Só está passando pelos filtros errados. Vejamos a Wanessa no Gugu. No afã de fazer audiência em sua volta à televisão, o Gugu foi atrás de assuntos “importantes”. Mas o que é importante? Segundo o Gugu, a infinita vigília sobre Suzane Von Richtofen é. Não há absolutamente nada de mais terrível no crime de Suzane, que planejou o assassinato dos pais, do que em outros crimes.
Pelo contrário, acho muito mais chocante matar estranhos – ou parentes indefesos, como crianças e velhinhos. Quem mata os pais sabe bem quem está matando. Como disse alguém, o grande problema aqui parece ser mais o de uma loirinha bonita com “von” no nome fazer barbaridades reservadas a figuras mais, err, populares. O programa do Gugu tem tido problemas graves de som. Depois de problemas na entrevista de Suzane, reeditada às pressas, demitiram um profissional de áudio, ao que parece injustamente (a explicação dele aqui faz todo o sentido técnico).
E o mesmo programa teve o babado da Wanessa, que fez um papel estranhíssimo ao cantar à capella no auditório do programa, sem imaginar que na transmissão estava saindo também o playback (gravação) combinado. Para não pagar de maluca, Wanessa reclamou duramente da produção do Gugu e da Record. Mais cabeças rolaram. Tudo isso porque a Record, assim como o SBT, querem fazer milagre contra a Globo, que tem condições técnicas infinamente melhores. Apelam, ao invés de manter uma certa circunspecção. Como se vê, exagero de empreendedores.
É o caso do Luciano Huck. Mesmo sendo apresentador da Globo, Huck mantém inúmeros negócios. E faz inúmeras bobagens. Em 2011, associado à empresa de descontos Peixe Urbano, usou as doações às vítimas de enchente para fazer marketing. No ano passado, houve mais dois episódios, o da manipulação do episódio das camisetas #somostodosmacacos (sobre o qual escrevi aqui, em Os bananas e o coxinha) e o de “oferecer brasileiras” para os gringos da copa (aqui, em Luciano Huck, cafetão do Brasil). É fácil falar mal do cara. Agora Huck volta ao ataque, de novo, com o caso das camisetas pedófilas. O anúncio foi retirado do site, com um pedido de desculpas – seria um engano da coleção de carnaval, com estampas adultas usadas em fotos infantis. Teve gente que não se convenceu. Huck não precisaria de todos esses escorregões. Mas ele é empreendedor fominha. Sempre exagera.
O que tem isso tudo a ver com o governo Dilma? Tem que, apesar de querer parecer “politicamente correto”, o PT não está no lado oposto a Huck e Gugu. Se o PSDB é uma espécie de rede Globo – supostamente domina a política como um produto bem acabado e profissional –, o PT é a sua Record ou o seu SBT. Quer superar a “elite” a todo custo, e para isso não tem muito escrúpulo em escalar a programação tosca de parceiros como Maluf, Sarney, Collor, Renan e quem mais trouxer alguma audiência. E dá-lhe atropelo, improviso e oportunismo. O próprio Eduardo Cunha, hoje inimigo declarado, surgiu desse território fisiológico que o PT não só se recusou a sanear, como chafurdou gostosamente nele (mensalão, petrolão e outros ões dos quais não sabemos ainda).
Nesta semana, o poder executivo, o legislativo e o judiciário fazem uma ciranda para ver quem vai pagar pela encrenca, só dando cabeçadas. E é a sensação de farsa, e não a de drama, que vai aumentando. O samba do crioulo doido é tanto que já tem desde colunista de direita acusando o tema impeachment de “paraguaio”, como Demétrio Magnolli, até senador (recalcitrante) da base dizendo que o único caminho para evitar o impeachment é discutir o impeachment, como Cristovam Buarque. E, para não variar, ainda tem gente do século passado achando que é a CIA por trás da greve dos caminhoneiros.
Há a esperança de que nesse tiroteio – que vai se definir melhor assim que o ministro do Supremo, Teori Zavatski, permitir a divulgação da lista dos políticos acusados no petrolão, incluindo provavelmente tanto o presidente da câmara dos deputados, Eduardo Cunha, quantro o do Senado, Renan Calheiros – se acertem alguns corruptos. Mas isso não vai aliviar nada para a presidência, que no momento está empenhada em aliviar para as empreiteiras envolvidas, que só estão esperando a hora de jogar a toalha e revelarem o que sabem, para se salvar. Não creio que haja alguma perspectiva de curto prazo em criar algum espírito público nessa gente toda. É briga de branco – e branco de segunda. Quanto mais se acertarem uns aos outros, melhor. Abdiquemos de qualquer pretensão de dignidade neste ano. Todas as mazelas estão ficando à vista.
Melhor encarar como uma espécie de comédia – para não sofrer junto.
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