Petrolão: Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude…

Ah que peninha do coro das costas do povo brasileiro, principalmente os que votaram na Dilma. Tem uma frase verdadeira que diz: "Nada muda se você  não mudar " e sendo assim, depois de 15 de março, nada vai mudar e a pizza será servida em mesa farta. Que me desculpem os nobres leitores deste conceituado espaço democratico que é o meu blog: "Puta que pariu ... estamos fudimado"s . (PV) 




O engenheiro Shinko Nakandakari revelou como era feito o pagamento de propina à diretoria de serviços da Petrobras, nessa sexta-feira, em depoimento ao juiz Sergio Moro. Shinko disse que a propina continuou a ser paga mesmo depois da operação Lava Jato, porque “eles não imaginavam que a investigação chegasse aos executivos da Galvão Engenharia”.
Pois bem: falemos de Tomasi di Lampedusa. Em seu livro Il  Gattopardo, por aqui chamado O Leopardo,  ele definia o funcionário público, burguês e corrupto, como “o bigodudo dançando na fachada do palácio, no frontão das igrejas, no alto dos chafarizes, nos azulejos das casas”. E que esse tipinho se constituía no símbolo maior da opulência de uma nobreza que se via ameaçada pela mudança, pelos novos ventos da República.
No livro, o Príncipe de Falconeri notava:
“A não ser que nos salvemos, dando-nos as mãos agora, eles nos submeterão à República. Para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude”.
Alguém espera que as coisas mudem agora após 15 de março. Talvez algo mude: mas apenas para que as coisas fiquem iguais…
A data de 15 de março é simbólica. Em 15 de março, ano 44 A.C., o imperador Júlio César foi assassinado com 23 facadas, vindas de um lote de 60 conspiradores. Um deles era justamente seu amigo Brutus. Antes do último suspiro, Júlio Cesar reconheceu o amigo asssassino e disparou a frase tornada famosa por William Shakespeare: “Até tu, Brutus?”
Quando estava rumando ao Senado, um pobre adivinho sugeriu que Julio Cesar tomasse cuidado com os “idos de março”. O arrogante Julio o ignorou. E morreu.
No calendário romano da época, os idos eram os dias 15 de março, maio, julho e outubro.  
Voltemos ao nossos idos de março. Sabem o que vai acontecer dia 15? Nada. Muito barulho por nada. Os acordos políticos terão  uma força  capaz até de fazer com que Dilma vire uma Inês de Castro, aquela que é rainha mesmo depois de morta…
Por que não vai acontecer nada? Porque no primeiro mundo, em geral, o cidadão sonha em se tornar rico para depois virar político. Na América Latina em geral, e no Brasil em particular, o cidadão sonha em virar político para poder ficar rico…Essa engrenagem não pode mudar. Não há “ido de março” que modifique isso, em essência.
O Brasil não existe sem corrupção. Se as empreiteiras pararem de pagar o pedágio, a estrada brasileira se fecha.  Nosso DNA é o da corrupção. É típico da brasilidade: é nosso sangue.
Quando nos anos 60  Paul Murry, empregado da Disney, inventou o Zé Carioca, o papagaio, referia que a ave era “um carioca da Lapa que vivia de golpes e malandragens”.
Os gringos sabiam do nosso DNA há muito. Por exemplo: Bill Clinton preparava uma visita ao Brasil em outubro de 1997. O Departamento do Comércio dos EUA elaborou então um relatório, entregue ao grupo de empresários norte-americanos, que acompanharia a visita do presidente Bill Clinton ao Brasil. O dossiê estabelecia que havia “um excelente potencial de negócios no Brasil, mas aqui a corrupção ainda é endêmica na cultura brasileira". Veja mais detalhes clicando aqui.
No Petrolão, vamos assistir a algumas dezenas de gatos pingados irem pro xilindró. Depois, algum político virá com a lorota de que as CPIs e investigações pesadonas estão travando a economia brasileira. Virá o Carnaval, as Olimpíadas 2016…e novos ladrões vão ser reconduzidos e reinstalados no íntimo do poder em que os trambiques se fazem.
Como notou Shakespeare, há método nessa loucura. E vamos continuar assim: trocando seis por meia dúzia porque o Brasil não pode parar.
Afinal, como disse Lampedusa, para que as coisas permaneçam iguais, é preciso que tudo mude…