Inspiração em erveiras traz título para o Pará

 Juliana Salgado, de Outeiro, conquistou o prêmio de melhor traje no Miss Brasil Terra 2002


Juliana Salgado mostrou a beleza paraense em concurso nacional. (Gabriel Jenks)


O Mercado Ver-o-Peso, no bairro da Campina, às margens da baía do Guajará, é um dos lugares que agrega tudo o que Belém e o Pará tem quando se fala de cultura. É desse local que surgem inspirações e sustento de centenas de pessoas, e foi das erveiras, que trabalham diariamente no local, que surgiu a ideia da equipe de Juliana Salgado para a disputa do Miss Brasil Terra 2002, realizado em São Paulo.

A modelo, de 25 anos, da Ilha do Outeiro, Distrito de Belém, trouxe para sua terra a premiação de “Melhor traje típico do Miss Brasil Terra”, na última semana. “Nossaaa, foi incrível! O Mercado do Ver-o-Peso é um dos maiores mercados públicos do País. Então levei comigo a responsabilidade e conseguir mostrar o quão importante ele é para todos nós paraenses”, disse a campeã.

“Amei e vesti o traje, estudei sobre elas aquelas mulheres maravilhosas e guerreiras do Mercado”, acrescenta.

Modelo de Outeiro mostrou look inspirado nas erveiras. (Murilo Costa)

As erveiras são as mulheres que vendem ervas e compostos medicinais nas barracas do Mercado, ali reúnem um aglomerado de história e conhecimentos populares amazônicos.

A união de ideias entre o coordenador, Bruno Magno, o estilista Lucas Barros e o arquiteto Lucas Camisão foi o sucesso para que esse prêmio viesse ao Pará. Além do mais, a fantasia foi toda sustentável, o que deu um significado especial ao traje.

 O look foi todo confeccionado à mão, usando materiais recicláveis. A referência na roupa foi o carimbó com o foco nos trajes que as erveiras costumam usar diariamente. Composta por vários produtos regionais como caroço de açaí, palha, juta, coco e flores artificiais, a fantasia levou para o palco produtos locais. O esplendor foi feito de jornal reciclado empalhado simbolizando a palha paraense das cestarias, e remete a uma barraca da Feira do Ver-o-Peso. Já a cesta usada por Juliana é uma referência aos produtos utilizados pelas erveiras, como as muitas ervas, flores, artesanatos e banhos de cheiro, presentes nas barracas dessas sabedoras da cultura milenar.

Quem colocou no papel toda a ideia foi Lucas Camisão, ele desenhou e escreveu todas as referências, já Lucas Barros confeccionou. “Ano passado eu fiquei em terceiro lugar no concurso e decidi focar na regionalidade do Pará esse ano de novo. Batemos na tecla das ‘erveiras’, mesmo com receio de muita coisa, mas a gente foi firme e forte. Compramos materiais regionais: caroços de açaí, palha, juta, flores artificiais, tecido, tudo artesanal. É todo trabalho manual feito por mim e pela minha equipe”, explicou o estilista.

Para esplendor de Juliana foram usados mais de 500 canudinhos feitos de jornal, um trabalho artesanal que demandou tempo e dedicação. “Juntamos todos esses enroladinhos, fazemos o processo de secagem, pintamos, tingimos e envernizamos tudo”, explicou.

“A roupa foi feita de juta com tecido tactel, a borda toda com lã pendurada com o caroço de açaí, para representar o detalhe marajoara. A pintura das flores foi feita uma sublimação onde representasse uma pintura à mão”, finalizou o estilista Lucas Barros


Fonte: O Liberal (Texto e fotos)


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