Poeta Décio Pignatari morre aos 85 anos em São Paulo


 A ate e a poesia de vanguarda reservam personalidades que se destacam ao destinarem obras literárias capazes de satisfazer gostos variados, calou a voz do poeta Décio, mas suas obras continuam e serão sempre  lidas. (PV)

 Morreu de insuficiência respiratória neste domingo (2) o poeta paulista Décio Pignatari, aos 85 anos. Ele estava internado desde sexta-feira (30), no Hospital Universitário de São Paulo, e faleceu por volta das 9h da manhã, segundo a assessoria do hospital. Ele também sofria de Mal de Alzheimer, informou o hospital.
Em foto de 2007, o poeta e tradutor Décio Pignatari em seu apartamento em Curitiba, onde vive desde 1999.  (Foto: Jonas Oliveira/Folhapress )Em foto de 2007, o poeta e tradutor Décio Pignatari em seu apartamento em Curitiba, onde vivia desde 1999. (Foto: Jonas Oliveira/Folhapress )
Décio nasceu em Jundiaí, São Paulo, em 1927, e ficou conhecido, ao lado dos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, como um dos nomes do movimento concretista, que realizou experimentos formais nas artes brasileiras a partir da década de 50. Ao longo de sua carreira, trabalhou como publicitário, ensaísta, teórico da comunicação, tradutor e dramaturgo, além de professor da Escola Superior de Desenho Industrial Esdi no Rio de Janeiro, da PUC-SP e da UnB.
As primeiras poesias de Décio Pignatari foram publicadas na "Revista brasileira de poesia", em 1949. O livro de estreia, "Carrossel", saiu em 1950. Com os irmãos Campos publicou, em 1965, "Teoria da poesia concreta", livro considerado o responsável por consolidar o movimento concretista. (No vídeo ao lado, Augusto de Campos fala sobre o início do movimento da poesia concreta, criado junto com o irmão Haroldo e Décio Pignatari, ao programa "Umas palavras", do Canal Futura, em 2010.)
"O Décio, numa carta que me escreveu, foi o primeiro poeta que usou para mim essa expressão [poesia concreta]. Ele caracterizava como concreta a poesia do [escritor americano E.E.] Cummings, distinguindo-a de outros poetas. E aquilo ficou na nossa correspondência", conta Augusto ao programa "Umas palavras", sobre a adoção do rótulo pelo grupo.
"Além de poeta, Pignatari escreveu romance, peça de teatro e foi tradutor, professor e estudioso de semiótica, assunto de diversos de seus livros. Sua obra poética está reunida em 'Poesia pois é poesia' (1977)", descreve em seu site a editora Cosac Naify, que lançou em 2009 seu livro "Bili com limão verde na mão".
Entre as obras de maior relevância do poeta estão "Informação, linguagem, comunicação" (1968), "Contracomunicação" (1972), "Semiótica e literatura" (1974) e "O rosto da memória" (1988), que contém sua biografia. Como tradutor, Pignatari é responsável por obras de nomes como Dante Alighieri, Goethe, Shakespeare e Marshall McLuhan.
Fonte: G1