Artista Golb Carvalho transforma parede de casa em obra de arte gigante






Uma obra de 149 m² retratando com tons impressionistas de cores fortes a fauna e a flora amazônica é a mais recente obra do pintor Golb Carvalho. A arte produzida na parede de uma área externa de uma residência particular no bairro Batista Campos, em Belém, chama a atenção pela delicadeza e pelos detalhes. O trabalho ainda em andamento terá duração total de três meses. Mesmo sem ainda estar concluída, a paisagem de uma cachoeira já mostra a diversificação de pássaros com garças, guarás, araras e outros animais da região.
Antes de começar a pintura, Golb pesquisou no primeiro mês a fauna e a flora da Amazônia. Ele procurou conhecer bem como é formada a paisagem e os detalhes de cada planta e animal. Além dos pássaros, o artista ainda pintará um bicho preguiça, uma onça e um mico-leão-dourado. Tudo foi pensado nos mínimos detalhes. “Quando a pessoa sai pela porta e entra na área ela já vê uma garça no canto da parede, e esta garça está olhando para o centro da obra. Isso gera uma expectativa na pessoa e direciona o olhar”, explica.
Em uma obra externa, o artista ainda tem que se planejar bem com o clima. A organização e disciplina são necessárias para que o cronograma não atrase. Golb começa a pintar todos os dias às 6h e segue até às 11h em cima dos andaimes. “Como chove de tarde tem que fazer o trabalho todo de manhã. São cinco horas em cima do andaime”, conta o artista acostumado a altura e a ter o cuidado necessário. “Trabalho sozinho. Não trabalho com ajudante para não ficar me preocupando. Eu já sei onde está tudo. Como posso me movimentar, como posso fazer”, revela.
Artista transforma parede em arte (Oswaldo Forte / O Liberal)
Para realizar a obra foi necessária uma estrutura planejada antes e durante o trabalho. “Um trabalho deste exige um tratamento paretal para receber a tinta especial. Exige uma certa estrutura para ela ser feita. Sentei com um engenheiro que impermeabilizou a parede e planejou na estrutura de andaimes para a obra ser feita. Isso é muito importante para que não infiltre e a água não chegue a camada pictórica”, explicou Golb.
Os materiais também precisam ser especiais. Até o momento foram utilizados aproximadamente 80 potes de tintas acrílicas importadas. Todo o cuidado é para que a pintura resista a no mínimo dez anos pegando sol, chuva, o calor e a umidade amazônica. Após concluída toda a obra ainda será feita uma camada de verniz naval para aumentar a proteção. “Este é o segundo maior trabalho que eu preparo. O maior foi em um clube de futebol que quando tinha dez anos voltei ao local e tinha poucas coisas desgastadas. Lá não teve todo o cuidado que está tendo aqui. Espero que aqui passe dos 20 anos”, planeja.
A maior dificuldade neste tipo de obra é o efeito que será criado para o observador que estiver distante. “A maior dificuldade é você conseguir pintar sozinho de perto e saber os efeitos que vai ter de longe. Você tem que descer e ver como ficou. Tem que equacionar isso”, conta. Golb pinta durante 40 minutos a uma hora depois desce para ver do chão como está o andamento da pintura. “Cada vez que você desce e sobe é um risco, por isso tem que fazer com que se desça a menor quantidade de vezes”, afirma.  
O artista já perdeu a conta de quantas obras parietais (como são conhecidas as obras em paredes) fez durante a vida. Nos 45 anos como artista plástico, ele contabiliza no total mais de cinco mil obras. No currículo carrega exposições de obras em galerias internacionais de Lisboa (Portugal), Madri (Espanha), Colônia (Alemanha), e vários Estados no Brasil como Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. Além disso, também ganhou a Medalha de Ouro no Salão Paulista de Belas Artes, Medalha de Ouro no Salão Figurativo de Piracicaba, e Medalha de Bronze pela Associação Paulista de Artes.
Todos os meses de trabalho tem como recompensa a felicidade do contratante e a emoção em ver a arte concluída. “Eu pinto por emoção. Sempre foi assim durante toda a minha carreira. Também consigo realizar o desejo de uma pessoa que queria ter uma obra em casa e me contratou. Não tem como não se emocionar”.


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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