Arte para se molhar

O artista plástico Paulo Azevedo e o fotógrafo Bruno Pellerin usam diferentes formas de arte para mergulhar com sensibilidade poética nas águas sagradas que caem do céu em Belém
Sem medo de se molhar, o pintor Paulo Azevedo e o fotógrafo Bruno Pellerin aproveitaram a temporada de chuvas torrenciais e saíram em campo armados de pincéis, telas e máquina fotográfica para homenagear a estação em que Belém esquece os relógios e todo encontro, para que não haja falha, por causa das chuvas que nunca se atrasam nas tardes da cidade, é tradicionalmente marcado para “antes ou depois da chuva”. As famosas “chuvas de Belém” pintadas e fotografadas pelos dois resultaram na exposição “Chuvas de Março”, com vernissage nesta quinta-feira, no Espaço Atelier Paulo Azevedo.
A paisagem urbana da “cidade das mangueiras”, durante e após as chuvas, com suas árvores e passarinhos encharcados e suas ruas cobertas de mangas arrancadas, ainda verdes, pelos ventos fortes, na exposição “Águas de Março” recebeu dois tratamentos: o documental, das fotografias de Pellerin, e o da liberdade de traços e cores da pintura de Azevedo. Mas o conjunto das imagens se harmoniza, sensibilizado pela poética única do tema.
Acostumado com as chuvas belemenses, Paulo Azevedo diz que elas o tocam e despertam sua a sensibilidade, o que é importante para o seu processo criativo. O pintor revela que gosta de aproveitar os tempos de chuva para produzir: “Sempre que chove procuro meu atelier e começo uma nova obra ou dou continuidade a que estava fazendo, não que isto seja uma regra, pinto ou estou fazendo algo sobre as artes todos os dias, mas confesso que a chuva me traz uma razão a mais para criar.”