Crônica da Semana - Por Vistor Silva



DIA NACIONAL DO CHORO BRASILEIRO


Pode parecer, mas não é! Choro de tristeza aqui não tem vez. Choro de amor, choro de emoção, isso sim. Estou falando de um estilo musical surgido nas noites cariocas que tornou-se símbolo da cultura nacional pela beleza e genialidade de nossos artistas na metade do século XIX.
O choro foi a primeira música urbana tipicamente brasileira, os primeiros registros datam por volta de 1880 o aparecimento desse estilo popular. Esses grupos eram formados por músicos – muitos deles funcionários da alfândega, dos correios e telégrafos, da Estrada de Ferro Central do Brasil -, que se reuniam nos subúrbios cariocas. O movimento buscou construir uma identidade própria diante do fenômeno da importação de estilos musicais que ao fim das contas não expressava a inventividade popular genuinamente nacional.
O nome “choro” veio do caráter plangente e choroso da música que esses pequenos conjuntos faziam. A composição instrumental desses primeiros grupos de chorões girava em torno de um trio formado por flauta, instrumento que fazia os solos; violão que fazia um acompanhamento como se fosse um contrabaixo – os músicos da época chamavam esse acompanhamento de ‘baixaria’ -, e cavaquinho que fazia o acompanhamento mais harmônico, com acordes e variações.
O choro é marcado pelo ardil de seus participantes para derrubar aquele que esteja se saindo mais buliçoso, mais irrequieto que os outros. O choro é feito de arquétipos que exigem do músico muito domínio do seu instrumento e uma apurada percepção de códigos e senhas que se encaixam em gigantescos improvisos.
O dia nacional do choro é comemorado em 23 de abril, em homenagem à data de nascimento de Pixinguinha, uma das figuras exponenciais da música popular. Em 2004, eventos lembraram a data em várias cidades do Brasil e até no exterior como França e Japão.
Dedicar um dia especial para registrar algo tão precioso como este na história da música e da própria cultura brasileira é o mesmo que lograr os mais nobres elogios à nossa gente que sabe construir com eminentes habilidades cada capítulo vivo da sua história. Da perspectiva da beleza estética, o famoso “chorinho” é sem dúvida um gênero bastante agradável de ouvir que em muito acrescenta ao nosso cabedal artístico e cultural.

Gosto de falar dessas coisas, principalmente para aqueles que não conhecem. Acredito que aquilo que é virtuoso deve ser dito em alto e bom som, divulgado [...] ainda mais quando estamos falando de cultura, que representa a própria razão de ser do homem, daquilo que não cessa de nos criar e recriar. Ouço e recomendo para os amantes da boa música popular brasileira.