Belém recebe exposição francesa

Escuras e melancólicas, as imagens da fotógrafa francesa Gabrielle Duplantier são tanto inquietantes quanto atraentes. Retratos de mulheres, crianças, cenas da vida, lugares habituais ou comuns são os temas em preto e branco das imagens da exposição fotográfica “Volta”, cujo título está originalmente em português. O trabalho da artista, que já foi exposto em vários centros culturais da Europa e da China, está pela primeira vez no Brasil e tem a cidade de Belém como sede eleita. A mostra pode ser visitada até 17 de abril, no Museu da UFPA, e faz parte da programação do Mois de la Francophonie, promovido na cidade pela Aliança Francesa. A entrada é gratuita.
Segundo o dicionário, a palavra “volta” pode significar regresso, passeio, alteração ou uma mudança. Nas fronteiras do conto fantástico, as imagens de Gabrielle Duplantier são sedutoras e trazem o fascínio das figuras irregulares que passeiam tranquilamente entre realidade e ficção. A exposição não apresenta um único assunto de forma isolada, mas gira em torno dos temas favoritos da fotógrafa, como um retorno aos anos que passaram, uma “volta” que dá título a esta exposição originária de um livro de mesmo nome, publicado pela editora Lamaindonne e com grande repercussão na França.
“Tanto o livro quanto a exposição “Volta”, apresentada em Belém, são o resultado de um trabalho de mais de 10 anos. Encontramos ali muitos rostos femininos porque o retrato feminino é uma parte essencial do meu trabalho pessoal desde que eu comecei”, explica a fotógrafa, que iniciou seus trabalhos inspirada na beleza feminina de forma nobre e secreta e, em seguida, desenvolveu uma estética particular de feminilidade que se tornou a essência de seus trabalhos.
Gabrielle Duplantier ressalta ainda os sentimentos que seu trabalho transmite tanto em quem ela fotografa, quanto nela própria: “Esta é uma pesquisa estética, mas também um verdadeiro jogo de espelhos icônicos entre as modelos e eu. Complexidade, emoção e desordem que as mulheres podem provocar e sentir”.
Depois de estudar pintura e história da arte na Faculdade de Belas Artes de Bordeaux, a artista se envolveu totalmente com fotografia e percebeu sua afinidade com as lentes. Esta paixão se desenvolveu cada vez mais na artista, que chegou a se mudar para Paris, mas que rapidamente percebeu que sentia falta da sua terra natal, ao sul da França. Sempre com interesse em resgatar as raízes, um dos destinos fotográficos de Gabrielle é Portugal.