As três mortes de Eduardo Galeano

Quando Eduardo Galeano teve sua terceira e definitiva morte, às 9 horas de segunda-feira, 13, uma biografia já estava impressa. Foi anunciada à tarde e coube ao autor, o argentino Fabián Kovacic, explicar se era um caso de oportunismo editorial. “Um parente de Galeano me escreveu um e-mail de Montevidéu perguntando o mesmo, meio de brincadeira”, disse Kovacic à reportagem. “Entreguei o livro em janeiro, após um ano e meio de pesquisa. Com a morte, a única mudança foi antecipar o lançamento em uma semana. Dói que pensem isso. Queria que ele a tivesse lido.” 
“Galeano, Apuntes para Una Biografia” (Ediciones B, 265 págs.) traça um paralelo entre fatos históricos e a vida da criança religiosa que renunciou à fé aos 14 anos - “Deus escorregou por um buraco no bolso da calça” -, do jovem que tentou se matar aos 19, quando já era pai, e do homem que descreveu o século 20 e a desigualdade com um estilo capaz de arregimentar fãs de todas as idades.