“Um Último Tango para Isabel Tejada” volta aos palcos com apresentações a partir desta quinta-feira, 25




Quem perdeu a primeira temporada de “Um Último Tango Para Isabel Tejada” agora terá mais quatro oportunidades de conferir o espetáculo mais recente do Grupo Experiência. A trama que envolve amor, traição, crime e vingança está de volta hoje, 25, a partir das 20h30, no Teatro Waldemar Henrique.
Baseada em fatos reais, a história do “Crime da Praça da República” ganhou ingredientes característicos da obra de Nelson Rodrigues. Um anjo vingador e um acerto de contas entre vítima e a namorada do assassino foram acrescentados à história. O diretor geral do espetáculo, Geraldo Salles, explica que a montagem tem características das obras de Nelson Rodrigues. “É um espetáculo forte para sacudir um pouco a cidade”, revela.
Mas Geraldo ressalta que a peça escancara, sobretudo, a hipocrisia social. Pois além de ter a tragédia como pano de fundo, o espetáculo traz de volta as memórias de uma Belém pacata, que ainda vivia sob os louros da Belle Époque e da economia da borracha, que possuía uma elite social e política conservadora e, sobretudo hipócrita. O papel social do teatro, por sinal, é uma característica que ele faz questão de manter nas suas obras e tem sido uma característica marcante do Grupo Experiência, que existe há quase 50 anos. “Respiro teatro. Sempre respirei. É talento. Vocação”, afirma.
O jornalista e dramaturgo Carlos Correia Santos, autor do texto do espetáculo, aproveitou suas pesquisas na área para se inspirar. “Eu já investigava histórias policias de tempos passados porque o modo como se escrevia o jornalismo policial daquela época era muito interessante. Fui para o arquivo público buscar jornais da época. Foi um crime que chocou, na medida que o dado emocional é que era o fato. O mais interessante é que era uma prostituta, que foi assassinada pelo cara pelo qual ela se apaixona. Ela rompe um código do ofício da prostituta que é não se apaixonar pelo seu cliente”, conta Carlos.
Na peça, o ator Ewerson Marques, 32 anos, interpreta o “Marinheiro” sedutor. “O que eu posso destacar de mais valioso nesse espetáculo é a interação. A história tende a envolver o espectador, ultrapassando as barreiras do tempo, trazendo profunda reflexão moral em modo cênico", avalia.
Na vida real, em meados dos anos 40, uma cafetina peruana foi morta em um bordel do Reduto pelo próprio amante. A sociedade paraense acompanhou o caso com grande expectativa. Quando a polícia finalmente desvendou o crime, veio a grande surpresa: o amante havia matado a cortesã para lhe roubar as joias e levantar dinheiro para fugir com sua noiva, uma então moça de família acima de qualquer suspeita. Os dois acabaram presos.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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