Espetáculo "Marias" volta aos palcos nesta sexta-feira, dia 12






A dor das mães que perderam os filhos de forma violenta e abrupta é incalculável. Esta dor é entendida apenas por outra mãe de vítima. Na religião, Maria, mãe de Jesus Cristo encarna e consola a dor de todas estas mulheres. A partir desta referência o espetáculo “Marias” foi criado. O espetáculo, que lotou as plateias em outubro, do ano passado retorna aos palcos da Casa Cuíra, localizado na rua Doutor Malcher, nº 287, a partir desta sexta-feira, dia 12. A peça será apresentada sempre aos finais de semana (sextas, sábados e domingos) às 20h.
Com dramaturgia de Edyr Augusto e direção de Saulo Sisnando, as dores, as memórias e as buscas de mulheres reais são trazidas ao palco pelas atuações viscerais das atrizes paraenses Gisele Guedes, Monalisa da Paz, Pauli Banhos, Sandra Perlin e Zê Charone.
“É uma espécie de colagem de vários depoimentos de mulheres que perderam seus filhos para violência. O texto foi concebido durante o processo de criação espetáculo. O Edyr Augusto foi adaptando o texto às necessidade das atrizes que chegavam com algumas histórias. Ele ia construindo a cena e contando a história das mulheres”, detalha Saulo. No espetáculo as Marias perderam os filhos para criminalidade, mortos por milícias, policias ou de outras formas violentas.
“Fazemos uma comparação com Maria Mãe de Jesus que perdeu seu filho. Existem várias Marias, e todas elas encontram conforto e tem a sua história linkada com a história de Jesus Cristo. Também indagamos será que Jesus Cristo seria ouvido ou não no mundo de hoje? Estas são histórias verdadeiras e personagens reais”, destaca.
O espetáculo que estreou em outubro, também na Casa Cuíra, durante as eleições presidenciais, teve uma boa aceitação do público. Na época houve quem ficasse de fora pelo esgotamento dos ingressos. O diretor avisa que é importante chegar cedo já que o espaço tem lotação para apenas 40 pessoas.
Dentre as mulheres que tem suas histórias expostas estão a estilista Zuzu Angel, que teve o filho Stuart Angel, torturado e morto pela Ditadura Militar, e a mulher transexual sem-teto Gisberta Salce Júnior, que era imigrante brasileira em Portugal e foi assassinada em 2006. Os assassinos de Gisberta foram inocentados pela Justiça Portuguesa. A comoção social gerado pela morte da brasileira violentada por 14 adolescentes fez com que as leis em Portugal mudassem para aumentar a igualdade de gêneros, integrar mais os transexuais e aumentar a punição por crimes de gênero.
Apesar do tema contestador o diretor Paulo Sisnado afirma que o espetáculo não é partidário de nenhuma posição política. “Quando a plateia vê o espetáculo entende que beira o apartidário. A dor de mãe é uma dor muito solitária, a gente fala da ditadura, mas fala da mãe que perdeu o filho. Algumas pessoas podem ter comentado, mas não estamos atacando ninguém, a gente não dá juízo de valor às coisas, tem mães de criminosos que diz ‘sei que meu filho não era santo, mas era meu filho’. Acaba sendo muito universal. É uma espetáculo sobre mãe”, enfatiza o diretor.
Serviço - Espetáculo “Marias”
Estreia: nesta sexta-feira, dia 12.
Dias de apresentação: de 12 de abril a 21 de abril, sempre às sextas, sábados e domingos.
Local: Casa Cuíra, Rua Doutor Malcher, 287, entre as travessas Capitão Albuquerque e Joaquim Távora.
Horário: 20h.
Valor do ingresso: R$ 30, R$ 15 (meia), lista amiga de reserva para R$ 20


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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