Fafá de Belém abriu a senda do reconhecimento para a música belenense




A música é uma das expressões artísticas que pulsa em todos os cantos de Belém. Seja com brega e o tecnomelody, que saíram das periferias para ganhar o mundo todo; ou com as batucadas regionais do Carimbó e o gosto caribenho da guitarrada, hoje reinventadas por uma nova geração de artistas que ganham o Brasil todo representado os gêneros da terra.
Toda a potência da produção musical de Belém, e sua capacidade de criar grandes talentos, foi reconhecida há pouco tempo. Mas antes disso tudo, Belém já via seu nome ser inserido em um cenário musical nacional desde muito cedo. Fafá de Belém, que leva a cidade não apenas em seu nome, mas como identidade que permeia sua produção desde a década de 70, conta que o início da carreira como uma artista belenense não foi fácil.
“Foi muito difícil, pois eu saí sozinha de um estado que não tinha representatividade musical. Sozinha, sem apoio nenhum. Mas contei com talentos da produção dos discos de Roberto Sant'Ana, que foi o cara que me descobriu e conhece o Brasil inteiro. Ele tinha sensibilidade de olhar o Brasil, suas regiões e seu povo. Trazer Waldemar Henrique, nosso grande compositor erudito, e Paulo André e Ruy Barata, nossos maiores autores contemporâneos, foi uma aposta ousada, mas que tinha base de verdade, que atravessou as fronteiras, chegou aqui e explodiu”, relembra.
A artista lembra ainda sobre o primeiro disco já carregado se símbolos regionais. “Ele se chamava 'Tamba-Tajá', e já tinha ‘Esse Rio é Minha Rua’, que era um passeio pelo Brasil, mas com sotaque fortíssimo do meu chão que é a minha terra, que foi o que me deu meu reggae compasso”.
Atualmente, Belém acompanha um movimento muito maior dos artistas locais pelo Brasil, inclusive representando gêneros antes considerados periféricos, como o tecnobrega. Para Fafá, esse movimento é um ganho não só para Belém, mas para todo o país.
“Eu acho maravilhoso que o Brasil conheça mais o Brasil, conheça os seus sotaques, olhares, a sua sonoridade, acho isso fabuloso e fundamental. E eu acredito que, por exemplo, os músicos que estão saindo agora do Pará tem um poderoso apoio do ‘Terruá Pará’, que é um projeto do governo maravilhoso que traz as várias sonoridades que nós fazemos, então veio a Gaby com o tecnobrega, a Dona Onete, o Nilson Chaves, o Marco André", enfatiza.- Leila Pinheiro leva identidade com Belém dentro da alma e do canto
Ao comparar com o período que começou Fafá evidencia a grande diferença no reconhecimento e espaço da música paraense após ações de incentivo do Estado. "Acho que foi fundamental para se quebrar, porque os meninos vieram de longe, Belém é longe. E nós temos uma cultura maravilhosa, se não tivemos musicistas para trazer, é muito difícil. Eu posso falar isso de carteirinha, porque quando cheguei há 42 anos aqui, era muito complicado. Todo mundo só achava que tinha baiano, e que o Pará ficava no Nordeste. É estranho né, mas é verdade”, relembra.


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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