A poesia de Chico César





Chico Cesar saiu sem deixar recado. Instigado, foi logo ali passar primeiro seis meses de pernas pro ar na Praia do Seixas, em João Pessoa. Depois, a convite do governo, criou e assumiu a Secretaria de Cultura da Paraíba. Saboreou do bem e da angústia de se ter a caneta nas mãos para realizar sonhos e melhorar vidas até a página dois, até o Estado agir contra seus próprios representantes e dinamitar ideias com mau humor e burocracia. Chico andou por duas Paraíbas, a das sensações de infância e a real, do asfalto e da areia, até encontrar por elas Bárbara, uma paixão. Ao voltar a São Paulo, com oito anos sem lançar um disco de inéditas, é um homem que abraça o mundo em 14 canções.
Seu novo álbum, Estado de Poesia, tem teses e reflexões que, só a princípio, não dialogam entre si. “Ele vem reivindicar a liberdade do ato de fazer”, poetiza Chico, no final de uma tarde em sua agradável casa no bairro do Sumaré, em São Paulo. Ele naturalmente desenvolve a ideia bem mais, mas logo depois pula para outros motes. Seu disco pode ser visto como um LP de lados A e B. No A, músicas de dentro para fora, canções que fez em estado de paixão para Bárbara, como Caninana, Caracajus, Da Taça, Museu e Palavra Mágica. E no B, o protesto mesmo travestido de festa que sempre o acompanhou e que agora ganham forma em músicas como Guru, Negão e No Sumaré.