TOQUE DE PRIMEIRA - Esporte em Ação


Carlos Ferreira comenta o clássico.

Empolgado com a palestra proferida pelo jornalista Carlos Ferreira no último sábado em Capanema, o titular do Blog recorreu ao O Liberal e abaixo, podem ser acompanhados os tópicos da Coluna de Ferreira, que faz vários comentários sobre 703º clássico Rei da Amazônia, jogado neste domingo no Mangueirão. Com isso, presenteio meus leitores com o que escreveu o colunista, que tem em seu currículo, conhecimento expressivo do futebol. Amanhã, estarei postando matéria sobre a palestra “Comunicador/Empreendedor” que Carlos Ferreira fez para os comunicadores de Capanema e região.


Um Re-Pa pra lá de pai d’égua!

        O Papão inspirado. O Leão embriagado pela própria vaidade. Um Re-Pa pra lá de pai d’égua, com seis gols e atuações destacadas dos goleiros Adriano e Alexandre Fávaro. Fim da invencibilidade azulina (28 jogos) e reversão da vantagem para o Paysandu, que pode até perder por um gol no domingo para conquistar o turno.
        Sinomar Naves sofreu sua primeira derrota como técnico do Remo num erro de cálculo. Programou o time para marcação recuada, apostando nos contra-ataques, pela necessidade que o Papão teria de tomar as iniciativas. O plano seria coerente se o time remista tivesse bons marcadores. Mesmo compacto na ação defensiva, o Remo deu espaço aos bicolores mais rápidos Thiago Potiguar, Moisés e Fabrício. Além da auto-suficiência de todo o time, que beirou a soberba, o Leão sofreu ainda pelo nervosismo dos zagueiros Raul (expulso aos 22 minutos do primeiro tempo) e principalmente o estabanado Márcio Nunes, que poderia ter sido expulso ao dar carrinho de frente para o adversário (recebeu  cartão amarelo) e cometeu um pênalti em Állax, não marcado pela arbitragem. Até o festejado Danilo ficou devendo, na sua pior atuação no campeonato.
        Enquanto Sinomar apostou nos contra-ataques, Charles Guerreiro programou o Papão para jogar com ambição e ousadia. E foi assim! Até que o Remo deu bom sinal de reação, chegando a fazer dois gols com um homem a menos, mas o quarto gol bicolor, marcado por Moisés, construiu um placar muito justo (4 x 2) para a história do jogo.
 
Didi contra os trapalhões azulinos

         Como no programa humorístico que fez sucesso por 27 anos na televisão, no Re-Pa quem se deu bem foi Didi, diante dos trapalhões azulinos, marcando dois gols e virando herói. O atacante do Papão, que era dúvida até minutos antes do jogo por causa de dores musculares, fez o seu papel de goleador.
          Foi como se Dedé, Mussum e Zacarias estivessem em campo pelo Remo. Haja trapalhadas! O Remo sentiu demais a ausência do capitão Pedro Paulo. Foi um time sem liderança, sem o ponto de equilíbrio. Na quase centenária história do Re-Pa, poucas vezes se viu um time tão perdido como foi o Remo no primeiro tempo, inclusive antes da expulsão de Raul.
          Enfim, Sebastião Nascimento, o Didi, fez o povo bicolor sorrir, como sugere seu apelido.
 
E agora, quem fatura o turno?

O Papão assumiu vantagens matemática e emocional. Está em estado de graça, numa reação fabulosa de quem esteve em maus lençóis neste campeonato, por péssimas atuações e maus resultados. Mas não tem qualquer garantia de conquista, mesmo com o privilégio de poder até perder por um gol no próximo domingo.
          A vantagem matemática está assegurada. A vantagem emocional tanto pode aumentar ou ser mantida como pode sumir na rodada da Copa do Brasil, com Paysandu x Palmeiras na quarta e Remo x Santos na quinta-feira. O fato é que o Papão botou uma mão e meia na Taça Cidade de Belém, concentrando no rival toda a pressão psicológica para o segundo jogo da decisão.
 

Consequências da goleada

          Talvez o Remo precisasse da derrota para uma releitura da sua realidade. O time azulino vinha sendo muito vulnerável, sem nada ser feito para corrigir as deficiências defensivas. Ontem, sem o capitão Pedro Paulo, o que estava ruim ficou pior. Foi o caos previsível. Resta saber como os remistas vão reagir à derrota. Ontem os sinais foram negativos, a julgar pela indisciplina de Velber ao ser substituído e pelo destempero de Raul, acusado de ter quebrado a porta do vestiário do Mangueirão e que ao final do jogo só não agrediu o bandeirinha Márcio Gledson porque foi contido por seguranças.
          No Paysandu, a vitória elevou Charles Guerreiro de “quebra galho” a “milagreiro”. Reciclou o time num estalar de dedos. De repente, o Papão tornou-se vibrante, veloz e objetivo.      
 
 
BAIXINHAS

* * Renda do Re-Pa foi fechada em R$ 471.500,00. O jogo teve 23.575 pagantes e 1.920 credenciados.

* Despesas consumiram R$ 186.933,60 (40,05% da renda). Cada clube teve direito a R$ 142.283,70. É que havia acordo para divisão da renda em partes iguais, independente do resultado do jogo.

* Com o bloqueio, pela Justiça Trabalhista, de 50% e mais R$ 22.500,00, o Paysandu levou apenas R$ 48.641,85. O Remo, cujo bloqueio foi de 20% e mais R$ 14.697,00, lucrou R$ 99.130,00.

* É desconhecimento de regra cobrar a expulsão de um jogador que comete falta na condição de “último homem”, como no caso de Alexandre Favaro. A regra se refere a “situação clara de gol”, que depende de interpretação do árbitro, mas em geral se caracteriza quando o atacante está na direção do gol. No lance de ontem, Helinton corria na diagonal para o lado do gol.

* Dois gols de Moisés (20 anos) e um de Helinton (21 anos). Os meninos honraram a distinção que receberam desta coluna, da TV Liberal e do Portal ORM. Perguntamos quem é melhor dos dois. Helinton venceu com 53,5% dos 50.981 votos. Mas no Re-Pa a festa foi de Moisés, pelos gols e pela vitória.

* Helinton (7 gols) e Moisés (6 gols) travam disputa direta pela artilharia. Não me recordo de outro campeonato com duelo de duas revelações pelo galardão de principal goleador. Visibilidade desses meninos nos jogos contra Santos e Palmeiras pode significar bons negócios para Leão e Papão.

* Entre 49 jogadores contratados pelo Paysandu para esta temporada, eis que surge Thiago Potiguar, um dos mais baratos, caído do céu, para ser xodó da torcida. É o “motorzinho” do esquema de Charles Guerreiro.    

* Tanta badalação para o importado Márcio Nunes, zagueiro de 29 anos e boa rodagem no futebol, e quem salvou a pátria na zaga remista foi o garoto Jorge Santos, 20 anos, mais uma revelação do clube, acionado depois da expulsão de Raul.    

* Em 11 jogos nesta temporada o Remo já tomou 17 gols. Média de 1,5 gol por jogo. É a prova definitiva de que o time se defende muito mal. O próximo duelo vai ser com o Santos, que também perdeu a invencibilidade ontem, na derrota para o Palmeiras, mas tem uma artilharia de 2,9 gols por jogo nesta temporada.

* Re-Pa com seis gols não acontecia desde 1997, quando o Leão aplicou 4 x 2 no Papão pelo torneio seletivo à Copa Norte. De lá para cá, o Paysandu fez quatro gols no rival em quatro ocasiões: 4 x 1 em 2000 no Desafio Yamada, 4 x 0 em 2001 pela Copa Mais TV,   4 x 0 no primeiro jogo da decisão do título estadual de 2001 e 4 x 2 ontem.

FONTE: O Liberal

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