“Tempo Gravado” em exposição



A Exposição Tempo Gravado, de José Fernandes, composta por trabalhos inéditos realizados, em sua maioria, em 2014 e 2015, estará aberta ao público no dia 18 de agosto de 2015, no Museu da Universidade Federal do Pará, Belém-PA. 
A Mostra, que tem a curadoria de Jussara Derenji, também Diretora do MUFPA, dá continuidade ao trabalho da última exposição do artista e registra um olhar pessoal sobre a imagem da figura humana através de desenhos em técnica mista e pinturas em acrílica sobre tela. Os trabalhos aparecem interligados pela sua força emocional, pela inquieta revelação da realidade cotidiana sempre presente na intimidade impregnada de memórias. José Fernandes exibe uma multiplicidade de personagens - que há em cada um de nós - e que se revela, no teatro do cotidiano, em “fragmentos esparsos e descontínuos daquilo que queremos, ou nos permitimos mostrar”, comenta Jussara Derenji em seu texto de apresentação. 
O conjunto de trabalhos desta mostra se desenvolve a partir de imagens que constituíram uma parte significativa de sua mais recente exposição. Segundo Jussara Derenji “após uma desintegração das cores e dos objetos, aos poucos as formas voltam a se reunir e chegam às pinturas de grandes dimensões e enorme força expressiva.” Os trabalhos remetem ou retratam homens e mulheres solitários, por vezes despidos de máscaras, que deixam transparecer a crueza do corpo e a solitude da alma. Segundo a curadora, “as figuras que se esboçam em linhas e cores vibram em densidade e sentimento. Há sobre elas o olhar de um artista sensível e visceralmente ligado ao seu ofício, ele mesmo um ser múltiplo como arquiteto, designer, desenhista e pintor”. 
José Fernandes toca/aborda/questiona em seu processo criativo questões caras e importantes da contemporaneidade como a diversidade, a solidão humana, a vida e a morte. Jussara Derenji pontua que nesta exposição “ele parte de desenhos figurativos que vai decompondo, ou destroçando, em lentas transformações que conduzem às pinturas. Nelas as figuras se agigantam e se aprofundam em emoções e sentimentos. As linhas gravadas, marcadas quase a cinzel como que se inscrevem nos seres retratados, entram em seu âmago, buscando nele o desespero existencial que está na imobilidade forçada do individuo inerte perante a dor, a doença ou o desespero da impossibilidade de reagir”.
Para a diretora do Museu “esses múltiplos seres que nos habitam em desejos, ansiedade e angústias se reúnem na cidade, palco onde se concentram milhões de indivíduos com suas particularidades em choque, em disputa de espaço, de uma forma de se inserir nela. As explosões de cores e formas que antecedem às pinturas atuais reúnem o caos de um traçado sem controle, sem regras onde sabemos que o fundo, o inicio de tudo, é o ser humano se deslocando nesse organismo informe que é a grande cidade”.     
Esta é a terceira individual do artista após a mostra “Trama” em Blumenau, SC (2013) e “Grafia e Matéria” (2014) em Belém. José Fernandes comenta sua relação com o desenho e a pintura. “Trata-se, para mim, de um processo expressivo contínuo, que é uma característica de muitos que trabalham com artes visuais, no qual a observação da realidade é filtrada, elaborada e expressa pelo indivíduo, de diversas formas, a partir de suas vivências e possibilidades de expressão.” Para o artista “é um grande prazer realizar uma mostra neste Museu da UFPA que hoje, assim como ao longo dos últimos de trinta anos, desempenha um papel muito importante para o desenvolvimento da arte e da cultura em nosso Estado”, conta José Fernandes.