Fotógrafo paraense Luiz Braga recebe prêmio nacional Chico Albuquerque


O fotógrafo paraense Luiz Braga recebeu na noite desta terça-feira (17) o prêmio Chico Albuquerque de Fotografia na categoria Narrativas Brasileiras, em Fortaleza (CE). No discurso de agradecimento o profissional relembrou a amizade e os conselhos de Chico para o jovem Luiz, antes de ser um dos maiores talentos da fotografia nacional. Braga relembrou como Chico foi importante para continuar produzindo no Pará e na região Amazônica mesmo com todas as dificuldades de acesso à equipamentos e materiais.
“Naquela época a gente ficava muito isolado em Belém. Eu sempre pensei alto e fui muito exigente com os materiais e com a técnica. Estava muito agoniado, com dificuldade de molduraria, o mercado não respondia. Numa dessas viagens, eu procurei o Chico Albuquerque, pensando em morar no sudeste. Contei para ele que estava muito angustiado e que pensava em sair de Belém. Ele me disse ‘não saia da sua terra, porque lá só você faz isso. Se você vier para cá, o máximo que vai conseguir é isso’ e apontou para uma cicatriz de uma cirurgia de safena. Esse conselho foi muito fundamental para o desenvolvimento da minha carreira. A partir dali é quando eu começo a trabalhar a cor em uma segunda onda e ganho o prêmio em Boston, exponho no MASP, na Bienal de Viena”, relembrou em entrevista ao portal OLIBERAL.COM.
Luiz Braga se destaca pelas fotografias humanistas regionais com cores realçadas.Luiz Braga se destaca pelas fotografias humanistas regionais com cores realçadas. (Tibico Brasil / Divulgação)
Luiz Braga de 63 anos é formado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Pará (UFPA), colaborou com o jornal ‘O Estado do Pará’, em 1978, e criou o tablóide Zeppelin, no qual exerceu as funções de editor e fotógrafo até 1980. Ao longo da história Luiz conquistou lugar  de referência na fotografia brasileira, juntamente com vários prêmios. Com a série “A Margem do Olhar” ganhou o Prêmio Marc Ferrez, do Instituto Nacional de Fotografia da Funarte, em 1988. Nessa época começou a fotografar misturando luzes naturais e artificiais, o que conferiu um caráter não naturalista às imagens. No estrangeiro recebeu o Prêmio Fotografia Colorida Leopold Godowsky, da Universidade de Boston, Estados Unidos, em 1991, e Bolsa Vitae de Fotografia, em 1996.
A nova premiação Chico Albuquerque contou com mais de 170 propostas inscritas e a participação de 20 estados. No total serão distribuídos R$ 280 mil para os vencedores. A categoria Narrativas Brasileiras foi dedicada especialmente para artistas consagrados no cenário nacional. Dentre os finalistas estão o mineiro Pedro David de Oliveira Castello Branco, o gaúcho Luiz Carlos Rosa Felizardo, o português Orlando Manuel Monteiro de Azevedo e o paulista Edson Viggiani Jr. Para a premiação, Braga encaminhou 30 obras mapeando a própria produção de mais de 40 anos com um resumo sobre sua história.
HOMENAGEM -  Chico Albuquerque (1917 – 2000) foi um pioneiro na fotografia no Brasil. O cearense foi o primeiro a produzir uma fotografia publicitária, trabalhou com o premiado cineasta americano Orson Welles (1915 – 1985), e um dos artistas mais inovadores daquela geração. Ao longo de uma trajetória de 68 anos dedicados à fotografia, consagrou-se como retratista de personalidades que marcaram a história brasileira. Dentre os principais trabalhos o ensaio “Mucuripe” (1952) que retrata o cotidiano de jangadeiros do litoral cearense, revelando a profunda relação desses homens com o mar, foi um dos mais conhecidos do mundo.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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