Festiverde reúne música, arte e sustentabilidade em evento online e gratuito

 Evento foi idealizado para ser um ponto de encontro e de diálogos entre artistas, produtores e especialistas em meio ambiente

Divulgação

Que a Amazônia é rica em cultura e biodiversidade já é de conhecimento geral. Contudo, um projeto idealizado em Belém veio para mostrar que é possível juntar as duas coisas, buscando soluções que unam arte e sustentabilidade em um evento virtual. O Festiverde vai ao ar nesta quinta-feira, 25, e sexta, 26, idealizado para ser um ponto de encontro e de diálogos entre artistas, produtores e especialistas em meio ambiente. O festival foi criado pelo ativista ambiental e músico Erik Lopes e é uma realização da Lei Aldir Blanc Pará, via Governo do Pará e Secretaria de Estado de Cultura (Secult), e Governo Federal, via Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo.

Para o idealizador e organizador do Festiverde, é praticamente impossível ser um produtor cultural e morador da Amazônia sem considerar as questões ambientais que, mais do que nunca, vêm sendo debatidas por pessoas preocupadas com o futuro do planeta. “A gente tá muito mais próximo de todos esses impactos”, explica Erik Lopes. “Eu trabalho em uma ONG ambiental e sou músico, então gostaria de realizar um evento que unisse essas duas áreas. A ideia já tem uns três anos e eu queria fazer de forma presencial, mas acabamos tendo que adaptar neste momento. Moramos em Belém, na Amazônia, e esse é um debate que precisamos ter mais contato para pensarmos de que forma os impactos ambientais podem ser reduzidos na cidade e na região. É um tema urgente”, enfatiza.

O músico também reforça que acredita que um dos deveres do “artista verde” é usar a visibilidade que ele tem para levantar bandeiras importantes. “A gente, como produtor cultural, precisa rever nossa maneira de consumo, de produzir mesmo. Eu acho que a gente cobra que o consumo das pessoas mudem, mas a gente mesmo deve repensar tudo que a gente faz quando fala de conservação do meio ambiente. A gente tá no meio disso, também é uma atividade produtiva que também precisa ser repensada”, explica.

Como exemplo de iniciativas que os trabalhadores da arte podem fazer, Erik cita a preocupação com o destino final de produtos consumidos em festivais e shows, que reúnem grande número de pessoas. Além disso, para viver o que prega, o Festiverde foi feito com equipe reduzida - também por conta da pandemia - na tentativa de gastar menos recursos, como a queima de combustíveis durante o deslocamento na produção da programação.

Amazônia da diversidade ambiental e cultural

Além de estimular o debate e pensar soluções para que, quem sabe, mais produtores culturais se juntem à causa, o festival quer ser uma vitrine para dar destaque àqueles que já fazem seu trabalho de forma sustentável. A curadoria tentou pensar uma programação diversa e que abrangesse várias áreas, mostrando as mais diferentes formas de se pôr em prática a sustentabilidade no meio da produção artística.

O evento terá shows virtuais dos artistas paraenses Anna Suav, Ana Clara + Meio Amargo, Thalia Sarmanho e Leo Chermont, que vão se apresentar no canal do evento no YouTube. Também nas plataformas digitais, para aquecer o diálogo sobre a temática do Festiverde, quatro entrevistas e um debate também serão apresentados. 

O cineasta Fernando Segtowick e o produtor cultural Juliano Bentes falam sobre como eles têm atuado para promover a sustentabilidade em seus trabalhos, de forma econômica, social e ambiental. Fernando produziu o documentário “O Reflexo do Lago”, que retrata a vida de pessoas que moram aos arredores do grande lago que surgiu com a construção da hidrelétrica de Tucuruí. 

“Para mim, é como o morador de um determinado lugar ser protagonista de um filme, como na história dos moradores do lago de Tucuruí que tantos anos depois [a construção de uma hidrelétrica] continuaram sem energia. Buscamos nos aproximar das pessoas e ao invés de contratar pessoas de Belém, chamamos pessoas da comunidade, evitando por exemplo, deslocamentos de avião”, cita o cineasta. Também contam seus relatos e experiências o produtor audiovisual Rodrigo Antônio e a designer de joias Barbara Muller. 

As empreendedoras Tainah Fagundes, da Da Tribu - Moda Sustentável, e Renée Chalu, sócia da Se Rasgum Produções e idealizadora do Festival Se Rasgum, também discutem sobre “Como reduzir os impactos ambientais na produção artística?”, a partir de uma perspectiva da indústria da moda e da realização de eventos culturais. 

“A ideia do festival surgiu um pouco de tentar reforçar essa conexão de meio ambiente e a arte, mas também de dar mais visibilidade para quem já está fazendo isso. Tem muita gente que nos seus processos, estão falando de meio ambiente, levantando discussão, então, a ideia da curadoria foi convidar artistas que já tão ligados a esse tema e levantar mais o debate. É um debate urgente, e a gente não tem muito tempo a perder quando fala de preservação da natureza”, finaliza Erik Lopes.

Serviço
Festiverde 
Dias 25 e 26 de março

Quinta-feira - 25/03
20h - No Canal do YouTube - Shows com Anna Suav e Ana Clara + Meio Amargo
Entrevistas com Juliano Bentes e Fernando Segtowick

Sexta-feira - 26/03
17h - No Instagram (@fest.verde) - Debate “Como reduzir os impactos ambientais na produção artística?”, com Renée Chalu e Tainah Fagundes, com mediação de Carol Amorim
20h - No Canal do YouTube - Shows com Thalia Sarmanho e Leo Chermont
Entrevistas com Rodrigo Antônio e Bárbara Muller




Edição: Alek Brandão
Fonte: O Liberal (texto e imagem).

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