Fotógrafas paraenses exibem trabalhos sobre a Amazônia na Alemanha



Fatinha Silva, Paula Giordano e Marise Maués compõem a mostra "Magia e Mitos", em 14ª Semana Latina


“Amazônia” foi o tema escolhido como centro das ações da 14ª Semana Latina realizada na Alemanha, que inicia no domingo (20). Desta vez, em meio a uma vasta programação cultural o Pará tem uma forte representação: a mostra fotográfica “Magia e Mitos”, com trabalhos das fotógrafas Fatinha Silva, Paula Giordano e Marise Maués.
A mostra reúne três ensaios: “Os Ribeirinhos”, "Na rota do Ouro Negro Ribeirinho" e “Casa de Farinha”. As séries são compostas por imagens que retratam um pouco dos saberes e fazeres do do povo amazônida em seu cotidiano. A exposição tem abertura às 17h do domingo, no horário da cidade de Marburg, onde o evento é realizado. 
Fatinha Silva explica que a fusão das três séries temáticas cria uma interpretação do ambiente de vida das comunidades locais, cujo trabalho cotidiano está intimamente ligado aos recursos ambientais envolventes do rio e da floresta tropical.
Em um momento de incerteza tanto em relação ao território amazônico como do meio ambiente brasileiro em geral, a exposição firma-se como um convite ao público alemão a se aproximar, mesmo à distância, da Amazônia e seus habitantes, assim como lidar com a importância da floresta para o planeta.
“Lógico que hoje, com tudo o que estamos vivenciando - as nossas matas com as queimadas, essa coisa desesperadora que só causa muita tristeza em tudo, o pantanal sendo devastado, nossa Amazônia com o desmatamento só aumentando, a falta do olhar do nosso governo para o meio ambiente; isso, na verdade, não é mais uma preocupação só nossa, é uma preocupação mundial”, destaca Fatinha sobre a emergência em se falar da Amazônia a nível mundial.
“Acho que os que têm consciência e sensibilidade, perceberam que nós não vamos conseguir sobreviver sem a natureza. Então é um debate muito atual, que deve ser permanente, porque cada vez mais vemos a destruição da nossa floresta, como se isso não importasse. É sempre o homem valorizando o vil metal e a gente não sabe o quanto é importante ter esse ar limpo para respirar, e que nós seres humanos dependemos da natureza para continuar existindo”, complementa.

As fotógrafas

Na mostra, Fatinha Silva que registra desde o ano 2000 os povos ribeirinhos, apresenta imagens que evidenciam os habitantes tradicionais das margens dos rios, cujas ligações são estabelecidas através das águas; evidenciando o discurso dos rios que são ruas que traçam os caminhos da cultura amazônica.
“Quando mostramos as comunidades tradicionais, é uma forma realmente de valorizar esses saberes, esse patrimônio cultural imaterial, que na verdade é que faz a nossa cultura. São os nossos mestres, toda essa tradição do açaí, dos ribeirinhos, da casa de farinha; tão presentes aqui pra gente, e às vezes tão desconhecidas lá fora”, defende.
Marise  Maués integra a mostra com um trabalho pautado na investigação dos saberes e fazeres das comunidades tradicionais, que vivem da cultura do açaí. Seu foco de  interesse é a coleta e a comercialização do fruto, que se tornou uma das principais fontes de economia destas comunidades, um trabalho feito à muitas mãos.
Já Paula Giordano, debruça seu olhar sobre o fazer artesanal da farinha de mandioca, reconhecendo nas Casas de Farinha mais do que locais de fabricação de alimentos, mas espaços de saberes tradicionais e ancestralidade, reforçando os laços de pertencimento e identidade das comunidades, que enxergam a importância da produção de mandioca para suas vidas.

Amazônia e Alemanha

A Semana Latina é realizada há 14 anos no Centro Cultural Waggonhalle de Marburg, na Alemanha, e conta com  a direção do músico e compositor brasileiro Jean Kleeb, radicado no país europeu. O evento tem dentre seus objetivos o intercâmbio interdisciplinar e também as conexões entre Marburg e a cena cultural do norte do Brasil.
A mostra fotográfica “Magia e Mitos” foi realizada mediante importantes colaborações, entre elas: Waggonhalle Kulturzentrum; Dr. Dagmar Schweitzer de Palacios e Anne Goletz, ambas do departamento de antropologia cultural e social da Universidade de Marburg; e Dra. Karin Naase, antropóloga e pesquisadora com longa atuação na Amazônia e associada ao Museu Paraense Emílio Goeldi).
A pandemia de coronavírus impossibilitou a viagem das fotógrafas paraenses até a cidade alemã, onde participaram da programação ministrando oficinas e outras atividades. Para a abertura da mostra, as três enviaram vídeos que serão exibidos no local.
Fonte: O Liberal/Economia (Texto e Foto)

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