História da Televisão no Brasil

 Década de 1950

De julho a setembro de 1950, as transmissões aconteceram em fase experimental, quando então no dia 18 de setembro, Assis Chateaubriand realizou seu grande sonho, inaugurou a TV Tupi de São Paulo, canal 3.

A programação era produzida de um dia para o outro e as dificuldades para aprontar o que ia ser exibido logo apareceram.

História da Televisão no Brasil

O primeiro diretor de roteiro de TV no Brasil chamava-se Demerval Costa Lima e o diretor artístico, Cassiano Gabus Mendes.

Na programação inaugural, Lolita Rodrigues cantou “A Canção da TV” e os profissionais vieram das rádios, teatros e jornais. O primeiro programa transmitido chamou-se TV na Taba, apresentado por Homero Silva com participação de nomes como Lima Duarte, Hebe Camargo e Mazzaropi. “Está no ar a TV no Brasil”, frase dita por Sônia Maria Dorse, a primeira imagem no ar.

O primeiro telejornal da TV Tupi, Imagens do Dia, foi ao ar dia 19 de setembro, na locução do radialista Ribeiro Filho. As reportagens chegavam em cima da hora, pois dependendo de onde eram feitas, os filmes precisavam ser revelados e vinham de avião para São Paulo. Tudo ainda muito precário e difícil. Mesmo assim, Assis Chateaubriand vendeu por um ano antecipado o espaço publicitário para as grandes empresas, Sul América Seguros, Antárctica, Moinho Santista e Prata Wolf.

Surgiram as garotas-propaganda para apresentar os produtos dos patrocinadores e chegar finalmente aos comerciais. A programação daí para frente foi sendo criada com teleteatros (A vida por um Fio, novembro de 1950, Grande Teatro da Segundas-Feiras, 1950, TV de Vanguarda, 1952, Teatrinho Trol, 1952), telenovelas (Sua Vida me Pertence, a primeira telenovela em dezembro de 1950, exibindo o primeiro beijo televisivo da atriz Vida Alves com Walter Forster) e noticiários (Repórter Esso, Telejornal Pirelli, Reportagem Ducal e outros). Foram contratados para a televisão grandes nomes artísticos como Bibi Ferreira, Procópio Ferreira, Maria Della Costa, Cacilda Becker, Armando Bógus, Geraldo Vietri.

Em novembro de 1950 foram autorizadas outras concessões de televisão, TV Record, TV Jornal do Comércio, TV Paulista, TV Tupi do Rio de Janeiro e a concorrência acelerou as produções.

Em 1953 a TV Tupi estreou o seriado Alô Doçura, com Eva Wilma e John Herbert, o programa circense Circo do Arrelia, A Praça da Alegria, com Manoel de Nóbrega. A TV Record estreou o programa musical Grandes Espetáculos União, apresentado por Blota Junior e Sandra Amaral e em 1954 o primeiro seriado de aventuras Capitão 7, com Ayres Campos e Idalina de Oliveira. A TV Record tornou-se imbatível na cobertura esportiva e lançou o programa Mesa Redonda.

O histórico programa O Céu é o Limite, de J. Silvestre atingiu sucesso absoluto no ano de 1955. A TV Paulista criou o primeiro programa feminino O Mundo é das Mulheres.

Em 1956 inaugurou a TV Rio, canal 13. O polêmico Flávio Cavalcanti comandando o programa Noite de Gala. As estações de televisão foram se propagando por todo Brasil, nas cidades de Porto Alegre, Recife, Curitiba, Fortaleza, São Luiz etc. Chacrinha estreou com o programa Rancho Alegre, na TV Tupi. A TV Rio descobriu o jovem e talentoso Walter Clark, com apenas 19 anos.

Em 1957, A TV Tupi estreou Clube dos Artistas e a TV Rio explodiu com dois programas humorísticos, Noites Cariocas e O riso é o limite, batendo recorde de audiência. Em 1958, estreou A Discoteca do Chacrinha. Em 1959, entrou no ar a TV Excelsior de São Paulo.

Década de 1960

História da Televisão no Brasil

Em 1960, com a inauguração de Brasília, as transmissões à distância foram incentivadas e envolveram São Paulo, Rio e Janeiro e Belo Horizonte. Iniciou-se o processo de videotape e os comerciais passaram a ser gravados; foi o “basta” para a improvisação. Estreou o Chico Anísio Show, já utilizando o programa gravado em fita, o videotape. Em setembro de 1960, inaugurou a TV Cultura de São Paulo.

Em 1961 foi ao ar a primeira série gravada no Brasil, Vigilante Rodoviário. Entrou em cena o mais famoso apresentador de televisão, Silvio Santos, com o programa Vamos Brincar de Forca? Em 1962 a TV Excelsior contratou os maiores profissionais da televisão, renovando-se, dentre eles o genial Carlos Manga.

Em 1963 chegaram as primeiras televisões coloridas importadas dos Estados Unidos. O apresentador Sílvio Santos ganha o primeiro Troféu Imprensa, em 1964.

Entrou no ar uma das novelas mais famosas da história da televisão, O Direito de Nascer, e adivinhem quem era o diretor? O gênio da televisão brasileira, J.B. de Oliveira, o Boni.

Em 26 de abril de 1965 foi inaugurada a TV Globo, no Rio de Janeiro, concessão outorgada pelo Presidente Juscelino Kubitschek ao empresário Roberto Marinho.

O ano de 1966 foi de grande virada na história da televisão com a TV Globo reformulando e inovando com o que tinha de melhor como faz até os dias de hoje.

A TV Globo investiu na teledramaturgia e desenvolveu grandes novelas como Eu Compro Essa Mulher e O Sheik de Agadir. 1967 foi o ano de Discoteca do Chacrinha e da irreverência do programa Dercy de Verdade.

Foi inaugurada a TV Bandeirantes em maio de 1967. Estrearam os programas Raul Gil e TV Bolinha. Em 1968, morre o homem que trouxe a televisão para o Brasil, Assis Chateaubriand. Fizeram muito sucesso as novelas Beto Rockfeller e Antonio Maria, na TV Tupi.

Nesse ano também conquistaram a audiência os programas: O Homem do Sapato Branco, Programa Silvio Santos e Balança Mais Não Cai. E as novelas Sangue e Areia e Véu de Noiva.

O ano de 1969 foi marcado pela tecnologia das transmissões internacionais via satélite, exibindo a chegada do homem na lua, ao vivo. A TV Globo estreou o ratinho Topo Gigio no Mister Show. Coroando o ano de 1969, entrou no ar em 1° de setembro, o Jornal Nacional, que até hoje lidera a audiência dos noticiários. Porém, em 1969, foi extinta a TV Excelsior.

Década de 1970

A década de 70 foi marcada por grandes estréias e a conquista do Tricampeonato da Copa do Mundo, no México, transmitida via Embratel. Logo no mês de janeiro, a TV Globo pegou fogo. A TV Tupi estreou o tão conhecido Programa Flávio Cavalcanti.

Daniel Filho assumiu o núcleo de teledramaturgia da Globo e colocou no ar a novela Irmãos Coragem, de Janete Clair, sucesso absoluto, atingindo picos de audiência. No ano de 1971 a Rede Globo sacramentou sua audiência com a programação exibindo 4 horários de novelas por dia – 18, 19, 20 e 22 horas.

Em fevereiro de 1972, aconteceu a primeira transmissão a cores via Embratel, exibindo a Festa da Uva, no sul do país. Neste ano, a Rede Globo se tornou a maior rede de televisão do país com muitas afiliadas e retransmissoras, levando sua programação a milhões de brasileiros. Sua programação enriqueceu com as estréias de Vila Sésamo, Selva de Pedra e A Grande Família. Mas foi a TV Bandeirantes a pioneira na transmissão de toda a programação a cores.

Em 1973, mais uma vez a Globo conquistou a audiência com o Fantástico, O Bem Amado, O Semi Deus e Caso Especial. Em 1974, A TV Bandeirantes estreou o programa Clube do Bolinha, que ficou no ar por 18 anos.

Em 1975, o Presidente Geisel outorgou a Silvio Santos o canal 11, TVS. No ano de 1976, a censura vetou a novela Roque Santeiro que só foi exibida 10 anos depois.

Em 1976, a TV Tupi iniciou o processo de falência, com sérias dificuldades, atraso de salários e greve dos funcionários.

Enquanto isso, a poderosa Globo lançou Sítio do Pica-Pau Amarelo que foi exibido e retransmitido por 10 anos. Tempos difíceis para a TV Rio que finalmente teve cassada sua concessão, em 1977.

No ano de 1978, a TV Tupi na tentativa de sobreviver à falência, relançou a novela Direito de Nascer. A Rede Globo colocou no ar o Telecurso e explodiu com a novela Dancing Days. No ano seguinte, continuando na busca de maior audiência e diversificando sua programação, lançou o seriado Malu Mulher e o programa Globo Rural.

Década de 1980

A década de 80 foi marcada pelo triste fim da TV Tupi, deixando muitos trabalhadores desempregados no dia 18 de julho de 1980.

Em 1980, o governo federal outorgou duas redes de televisão, uma para Silvio Santos e a outra para o empresário Adolpho Bloch. Em 1981, estreou o programa Canal Livre, de entrevistas e o apresentador Gugu Liberato, apresentando Sessão Premiada no SBT. Também na Rede de Silvio Santos, estreou o programa circense Show do Bozo, com exibições de desenhos e entrega de prêmios.

A TV Bandeirantes lançou com sucesso sua novela Os Imigrantes.

Em 1982, o SBT estreou o programa O Povo na TV, com Wilton Franco. Em agosto de 1982, entrou no ar a TV Abril. A programação do SBT conquistava o público e em 1983 alcançava boa audiência com Hebe Camargo, Programa Flávio Cavalcanti e Viva a Noite, com Gugu Liberato. Preocupada com a concorrência, a Rede Globo contratou Chacrinha para o Cassino do Chacrinha e estreou Caso Verdade.

Enquanto a TV Rio era cassada, entrava no ar a Rede Manchete, canal 6, num domingo, dia 5 de junho de 1983, com um discurso do empresário Adolpho Bloch seguido de um programa de variedades O Mundo Mágico.

No dia seguinte, a nova proposta jornalística da TV Manchete agradou ao público com um telejornal longo, notícias completas, sendo logo premiado por várias vezes.

A programação voltada para a cultura e de alto nível tinha a intenção de atingir a população da classe A. Estrearam os programas Bar Academia, de MPB, Conexão Internacional, de entrevistas, Um Toque de Classe, de música. Ainda neste ano, surgiu o apresentador Fausto Silva com o programa Perdidos na Noite.

O ano de 1984 começou com a Rede Manchete cobrindo ao vivo o desfile das escolas de samba diretamente da inauguração do Sambódromo, no Rio de Janeiro e estreou sua primeira novela, A Marquesa de Santos. A Rede Globo estreou Armação Ilimitada e o SBT inova com o seriado latino Chaves e a novela Chispita.

Em 1985, a guerra pela audiência entre Globo e SBT continuava, e Silvio Santos falou no ar “assistam a novela Roque Santeiro na Globo e depois assistam o filme no SBT”. Para a Rede Manchete, a novidade ficou por conta do programa infantil Clube da Criança, que lançou a modelo Xuxa como sua apresentadora, um sucesso absoluto. Em 1986, a Manchete deu o primeiro sinal de dificuldade financeira; lançou então uma superprodução, a novela Dona Beija. Trouxe também para o núcleo de teledramaturgia José Wilker.

No ano de 1987 o SBT estreou o programa humorístico A Praça é Nossa, com Carlos Manoel de Nóbrega e vários humoristas conhecidos, como Consuelo Leandro, Ronald Golias, Zilda Cardoso e Roni Rios (a velha surda). Na Rede Manchete, começou a carreira da loira Angélica, com apenas 13 anos, nos programas infantis Nave da Fantasia e Clube da Criança. A estrela Xuxa foi para a poderosa Globo. Em 1988, o SBT em busca de qualidade, trouxe Jô Soares, Otávio Mesquita e Boris Casoy para somar a seu grupo de profissionais bem sucedidos.

Com muitas dívidas e mais uma tentativa de sobreviver à crise, a Manchete colocou no ar programas novos, Repórter Manchete, Sem Limite, os seriados infantis japoneses Jaspion e Changeman e ousadamente cobriu as olimpíadas de Seul ao vivo. Entrou em cena a apresentadora Marília Gabriela, com o programa Cara a Cara.

Em 1989, estreou o Domingão do Faustão. A Rede Record foi vendida para a Igreja Universal do Reino de Deus, investindo na programação jornalística.

Na Manchete a nova programação inclui um humorístico, Cabaré do Barata, com Agildo Ribeiro, Documento Especial: Televisão Verdade, com direção de Nelson Hoineff e a novela Kananga do Japão, que deu origem ao romance na vida real, de Raul Gazzola e a atriz assassinada Daniela Perez, filha da novelista Gloria Perez.

Década de 1990

A década de 90 iniciou com a posse do Presidente Collor, transmitida ao vivo pelas emissoras brasileiras. Foi um ano duro para o mercado televisivo devido ao plano econômico imposto pelo novo governo, poucas verbas e muitas demissões. A extravagância ficou por conta da transmissão da Copa do Mundo pelas emissoras brasileiras.

A Rede Globo sentiu ameaçada sua liderança pelas concorrentes SBT e Manchete e ousou com a novela Tieta, abusando do nu com José Mayer como apelo de audiência e o nu feminino em Rainha da Sucata. A Globo estreou o programa denúncia Linha Direta, baseado em casos não solucionados e o humorístico Escolinha do Professor Raimundo, de Chico Anísio, que deu emprego a muitos humoristas em dificuldades financeiras.

A Rede Bandeirantes estreou Sílvia Popovic e manteve o mínimo de custos com a programação, assim como todas as emissoras.

A sorte grande chegou à Manchete que apesar de viver um ano difícil como todas as televisões, lançou a lindíssima e bem sucedida novela Pantanal, de Benedito Ruy Barbosa.

A TV Abril associada à americana MTV, lançou o canal MTV Brasil, em São Paulo, canal 32. No dia 30 de julho de 1990 aconteceram as primeiras concessões de TV a cabo no Brasil. Em 1991, o SBT lançou o Programa Livre, o jornalístico Aqui Agora e as novelas mexicanas Carrossel e Rosa Selvagem. A Globo sofreu críticas pela exibição das baixarias da novela O Dono do Mundo.

A Rede Record muda de controle acionário e torna seu jornalismo o carro-chefe da programação.

O ano de 1992 passou pelo impeachment do Presidente Collor, transmitido pelas emissoras. A Rede Manchete muda o controle acionário para o grupo IBF, de São Paulo, que demitiu 670 funcionários. A Rede Globo estreou o programa Você Decide.

Em 1993, A Bandeirantes e a Globo investiram nas coberturas esportivas, a Record estreou o programa feminino de Ana Maria Braga, Note e Anote. Os funcionários da Rede Manchete, com salários atrasados, entraram em greve, e colocaram um cartaz no ar denunciando a situação; em seguida interromperam a programação. Em abril de 1993 a família Bloch reassume, alegando o não cumprimento do contrato de venda por parte do grupo IBF.

No ano de 1994, O SBT investiu em novela, Éramos Seis; a Globo estreou o Xuxa Park e a Manchete fez uma cobertura total da Copa do Mundo, nos Estados Unidos.

Em 1995, a Globo inaugurou o PROJAC, a nova central Globo de produções, em Jacarepaguá. O SBT inaugurou o Complexo Anhanguera, cidade cenográfica e central de produções. A Rede Record estreou o jornalístico Cidade Alerta. A Rede Manchete que dava sinais de recuperação, perdeu seu carismático proprietário. Após seu falecimento, seu sobrinho Jaquito mergulhou numa profunda crise financeira com o embargo de bens da Emissora pelo Banco do Brasil, perdendo muitas afiliadas que se associaram à Record e à CNT.

O ano de 1996 trouxe sorte para a Record, que estreou o Programa Ana Maria Braga. A Bandeirantes lançou o Programa H, com Luciano Huck. A CNT, mergulhada em profunda crise, apresentou o maior telejornal com 1 hora e 30 minutos, com a jornalista Leila Richers. A Manchete levou ao ar a novela de época Xica da Silva.

No ano de 1997, deixou a Rede Globo o superintendente Boni e em seu lugar assumiu Marluce Dias da Silva. Na Rede Record, foram feitas contratações importantes como a de Boris Casoy que deixou o SBT.

A Rede Manchete estreou sua nova programação: Na Rota do Crime, Câmera Manchete, 24 Horas, Operação Resgate, Domingo Milionário, com J. Silvestre.

No final do ano abriu amplo espaço na programação para a igreja evangélica Renascer, tentando superar a crise instalada faz muito tempo. Em novembro, o SBT contrata Carlos Massa para o programa Ratinho. A Globo mudou os apresentadores do Jornal Nacional e assumiram Fátima Bernardes e William Bonner.

Em 1999, A Rede Manchete encerrou suas atividades passando a se chamar Rede TV, dos empresários Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho. Com a forte recessão, a Globo demitiu nos últimos dois anos 480 funcionários. As emissoras trabalharam com custos reduzidos.

Anos 2000

Finalmente chegamos ao ano 2000. Muita esperança de realizações. O país continuando na crise, recessão, verba curta. O jeito foi usar novamente de muita criatividade, e isso é o que não falta aos brasileiros.

A boa nova foi o retorno de Jô Soares à Globo, deixando o SBT, em 3 de abril.

A Globo exibiu a minissérie A Invenção do Brasil para comemorar o 5º centenário do Brasil. Surgiram as TVs virtuais. Alguns provedores da Internet colocam em seus sites programações das emissoras que podem ser acompanhadas pelo público (Terra, Uol, IG). Em julho, a Globo estreou o primeiro reality show brasileiro, No Limite, inspirado no programa americano Surviver. O SBT e a Globo inserem em suas grades de programação Big Brother Brasil e Casa dos Artistas, mobilizando os telespectadores; uma febre nacional, principalmente entre os jovens.

A cobertura da Copa do Mundo da Coréia e Japão, nas madrugadas, mudou o hábito dos torcedores brasileiros, apaixonados pelo “futebol arte” do Brasil, e o sacrifício para assistir às partidas valeu o pentacampeonato.

A Campanha Presidencial sacudiu o povo, tornando a eleição do candidato de esquerda, Lula, uma realidade e motivo de esperança para a grande mudança que o Brasil precisa sofrer.

Fonte: www.edukbr.com.br

História da Televisão no Brasil

televisão no Brasil surgiu na década de 1950, trazida por Assis Chateaubriand que fundou o primeiro canal de televisão no país, a TV Tupi.

Desde então a televisão cresceu no país e hoje representa um fator importante na cultura popular moderna da sociedade brasileira.

História

TV Tupi e o início de tudo

Uma televisão dos anos 50Assis Chateaubriand queria aumentar seu conglomerado de mídia Diários Associados, e para isso, resolveu trazer a televisão para o Brasil. Como na época o equipamento não era produzido no país, toda a aparelhagem teve de ser trazida dos Estados Unidos.

Junto de seus funcionários, foi buscar todos os equipamentos que chegaram por navio no porto de Santos no dia 25 de março de 1950, no litoral do estado de São Paulo. Os equipamentos eram todos encomendados da Radio Corporation of America (RCA). Antes disso, já havia realizado uma pré-estréia com uma apresentação do Frei José Mojica, um padre cantor mexicano. As imagens geradas não passaram do saguão do prédio dos seus Diários Associados, que possuía alguns aparelhos de televisão instalados.

Em 10 de setembro, é realizada uma transmissão pela TV Tupi ainda em sua fase experimental. O conteúdo exibido era um filme onde o ex-presidente brasileiro Getúlio Vargas relatava seu retorno à vida política.

Então, no dia 18 de setembro, Assis realiza seu grande sonho: coloca no ar oficialmente a TV Tupi canal 3 de São Paulo, PRF-3 TV. O transmissor de televisão comprado da RCA foi colocado no topo do prédio Banco do Estado de São Paulo. As imagens são geradas a partir de um estúdio localizado na Rua 7 de Abril, no centro da cidade.

Uma célebre frase é dita por uma jovem criança de 5 anos de idade: “está no ar a televisão no Brasil”. O logotipo do canal era um pequeno índio, e a garota estava vestida a caráter.

Na época a programação era improvisada e gerada completamente ao vivo. Os imprevistos ocorriam freqüentemente; somente na inauguração do canal uma câmera importada estragou poucas horas antes de entrar no ar, e todo o programa foi feito com somente uma câmera. Como não haviam televisores ainda em São Paulo e nem outro lugar do país, Chateaubriand espalhou 200 aparelhos em lugares “estratégicos” da cidade de São Paulo.

Conta-se que estes aparelhos, importados, não conseguiriam chegar ao país no dia da primeira transmissão por problemas alfandegários. Sabendo disso, Chateaubriand utilizou de sua influência, que atingia diversos âmbitos, e antecipou a chegada destes aparelhos.

História da Televisão no Brasil
Hebe Camargo, uma das pioneiras na televisão Brasileira

O primeiro programa criado especialmente para a televisão foi TV na Taba, cuja apresentação ficava a cargo de Homero Silva. Além dele, Lima Duarte, Hebe Camargo, Mazzaropi, Ciccilo, o balé de Lia Aguiar, Vadeco, Ivon Cury, Wilma Bentivegna, Aurélio Campos, o jogador Baltazar, a orquestra de George Henri e a poetisa Rosalina Coelho Lisboa também participavam.

A TV Tupi também foi a primeira a produzir e veicular um telejornal no Brasil. Imagens do Dia foi ao ar em 19 de setembro sem horário fixo, geralmente indo ao ar às 21:30 ou 22:00. As matérias eram filmadas com película de 16 milímetros e muitas vezes tinham de ser revelados e levados de avião para São Paulo ou Rio de Janeiro, quase sempre chegando em cima da hora.

A televisão continuava com audiência não muito significativa, pois todas as televisões tinham de ser importadas de outros países. Mesmo assim, Chateaubriand conseguiu vender um ano de espaço publicitário para algumas empresas.

O primeiro teleteatro estréia em novembro daquele ano. A Vida por um Fio (baseado no norte-americano Sorry, Wrong Number) era um drama policial com Lima Duarte, Lia de Aguiar, Walter Forster, Dionísio Azevedo e Yara Lins, contando a história de uma mulher estrangulada pelo marido com um fio de telefone.

Em 22 de novembro as concessões do governo passam a existir e a TV Tupi (SP) ganha a sua, junto da TV Record, canal 7 de São Paulo e a TV Jornal do Comércio, canal 2 de Recife.

Televisão em cores

A TV em cores no Brasil começa em 1962, quando a TV Excelsior de São Paulo transmite no Sistema NTSC o programa Moacyr Franco Show. Em 1963 a TV Tupi de São Paulo também experimenta a transmissão em cores e começa a transmitir o seriado Bonanza nas noites de sábado, tambem em NTSC. Mas o sistema não pegou pois todas os receptores coloridos eram importados e custavam muito caro.

A Copa do Mundo de 1970, no México, chegou em cores no Brasil em transmissão experimental para as estações da Embratel, que retransmitia para os raros possuidores de televisão colorida no Brasil. A Embratel reuniu convidados na sua sede no Rio de Janeiro, em São Paulo (no Edifício Itália) e em Brasília. O sinal, recebido em NTSC (padrão americano), era convertido para PAL-M e captado por aparelhos de TV instalados nas três cidades. Poucos puderam assistir aos jogos em cores. Conforme relato no livro “Jornal Nacional – 15 Anos de História” (1984, Rio Gráfica Editora – atual Editora Globo), na TV Globo havia, na época, apenas um aparelho de TV em cores.

Em 1971 o governo baixa uma lei determinando o corte da concessão das emissoras que não transmitirem uma porcentagem mínima de programas em cores. O sistema oficial passa a ser o PAL-M, que é uma mistura do padrão M do sistema NTSC e das cores do sistema PAL Europeu. O Objetivo e criar uma indústria totalmente nacional com seu sistema próprio. Para aumentar as vendas de receptores coloridos a Fábrica Colorado, patrocina replays de jogos de futebol todas as tardes nas TVs Bandeirantes e Gazeta. Com a Copa do Mundo de 1974, a venda de receptores coloridos finalmente coloca definitivamente o Brasil no mundo da TV em cores. Em 1972 após a regulamentação do sistema PAL-M no Brasil surge oficialmente a primeira transmissão em cores no Brasil a partir de Caxias do Sul, RS na ocasião da Festa da Uva, em 19 de fevereiro. Em 31 de março, inaugura-se oficialmente a televisão em cores no Brasil.

A partir da decada de 90

A Pesquisa de audiência realizada regularmente pelo IBOPE obteve, no mês de março de 2007 os seguintes resultados:

Ibope fechou a média mensal das grandes redes de TV, relativa ao mês de fevereiro em todo o Brasil, nas 24 horas do dia:

Rede Globo – 57,7%
SBT – 17,4%
Rede Record – 14,4%
Rede Bandeirantes – 5,3%
RedeTV! – 2,8%

Organização

Televisão aberta

Televisão aberta é como são chamados os canais de TV gratuitos no Brasil. Receberam essa denominação depois da chegada da Televisão por assinatura.

No país, os cidadãos têm disponível gratuitamente as freqüencias VHF e UHF para transmissão e recepção de canais de televisão. Futuramente, estarão também disponíveis as freqüencias para transmissão digital.

Os canais abertos são autorizados a operar pelo Governo Federal que autoriza as concessões de Televisão aberta no Brasil.

Por lei, as televisões abertas têm que reservar pelo menos 15% de sua programação para noticiário.

Televisão por assinatura

Televisão por assinatura é um termo que refere-se a serviços de televisão baseados em assinatura. Uma televisão por assinatura oferece uma quantidade elevada de canais em relação à televisão aberta, e cobra uma quantia por isso, geralmente em freqüência mensal. Essa modalidade de serviço também é conhecida como TV paga.

Os métodos de distribuição de televisão por assinatura mais populares são o cabo e satélite. Ao lado desses métodos mais populares, há também o serviço chamado MMDS (cuja transmissão de sinais é via microondas) e o Serviço Especial de Televisão por Assinatura (TVA), este já praticamente em desuso.

História da Televisão por assinatura

A história da televisão por assinatura começou nos Estados Unidos da América com a televisão a cabo, aonde pessoas pagavam para ter acesso a um cabo que captava sinais de televisão (para mais detalhes veja o artigo televisão a cabo). No Brasil a televisão por assinatura surgiu primeiro com o Serviço Especial de Televisão por Assinatura, em 1989 (Canal+, inspirado no nome e no logotipo do homônimo francês que transmitia a programação da programadora norte-americano ESPN através do canal UHF 29, em São Paulo), posteriormente também com as retransmissões da italiana RAI e da estadunidense CNN, através dos canais SHF 4 e 5, além da nacional TVM (canal 2 SHF), especializada em programas musicais; e depois com o cabo, em 30 de julho de 1990. A idéia deu tão certo nos EUA que de 1984 a 1992 foram investidos US$ 15 bilhões para o cabeamento de ruas e mais bilhões para o desenvolvimento de programação, financiados pelas operadoras de televisão a cabo.

O grande número de assinantes das operadoras de televisão por assinatura fez com que no meado dos anos 90 o grande número de cabos instalados nas ruas fosse usado para oferecer outros tipos de serviço, como Internet de banda larga, nascendo assim a Internet a cabo. Em 1997 a indústria de televisão por assinatura faturaria US$ 1,2 bilhão só com vendas de pay-per-view, que representa uma das principais fontes de lucro para as operadoras. Em 1999 pela primeira vez os domicílios somaram mais tempo assistindo a televisão por assinatura do que televisão aberta.

Porém, a primeira operadora de TV a cabo do país foi a TV Cabo Presidente Prudente, fundada em 03 de dezembro de 1987 pelo empresário argentino Raul Melo Farjado. Com 600 assinantes, oferecia inicialmente 13 canais.

Fonte: www.conhecimentosgerais.com.br

História da Televisão no Brasil

Finalmente, o país conhece a televisão em 18 de setembro de 1950.

Uma data marcante para a vida nacional: o dia da inauguração oficial da televisão no Brasil.

E foi o empresário das comunicações Assis Chateaubriand, o Chatô, que possibilitou o início desse novo meio de comunicação. Por intermédio da TV Tupi, o país pôde experimentar a sensação que outros lugares já vivenciavam ao acompanhar um programa pela TV.

Esta marcante experiência aconteceu com o Show na Taba, o primeiro programa da TV brasileira, que contou com a participação de Homero Silva e Lolita Rodrigues.

História da Televisão no Brasil

A iniciativa de Chateaubriand, entretanto, teve antecedentes.

Antes da estréia oficial da TV no Brasil, mais precisamente em 1939, Edgard Roquette Pinto fez as primeiras experiências com televisão no país, com dois eixos: apenas um receptor e um transmissor. A primeira demonstração da TV na América Latina aconteceu, oficialmente, no pavilhão de entrada da Feira de Amostras do Rio de Janeiro, em 2 de junho de 1939. Depois da estréia, em 50, as emissoras transmitiam sua programação apenas no final da tarde, graças à pouca audiência (poucos tinham aparelho de TV). Mas foi apenas em 1952 que a TV Tupi paulista passou a transmitir programação diurna, bem como as concorrentes.

Ao contrário da TV norte-americana – implantada com apoio na indústria cinematográfica -, a brasileira submeteu-se à influência do rádio, aproveitando os profissionais e técnicas. Os artistas já eram consagrados pelo rádio, já que este era o meio de comunicação mais difundido no país.

Pioneiro em transmissões televisivas na América Latina, antes do Brasil apenas quatro outros países produziram sua própria programação: Estados Unidos, Inglaterra, Holanda e França.

Anos 50

Futebol estréia a externa e o ao vivo

Após a estréia da TV Tupi de São Paulo, com o programa Show da Taba a mesma emissora realiza, no dia 15 de outubro, a primeira transmissão externa na TV brasileira, apresentando ao vivo o jogo entre São Paulo e Palmeiras.

Em 20 de janeiro de 1951, Assis Chateubriand inaugura a filial carioca da TV Tupi.

Em fevereiro, na TV Tupi paulista, é inaugurado o programa que virou ícone na televisão brasileira: o infantil Sítio do Pica-pau Amarelo, inspirado em obra de Monteiro Lobato.

Na TV Tupi carioca estreou no dia 1º de abril de 1952 o Repórter Esso, grande sucesso do rádio, na voz de Heron Domingues. No dia 27 de setembro do ano seguinte, foi inaugurada a TV Record.

Já no dia 15 de julho de 1955, outra emissora entrava no ar: a TV Rio, que teve grande importância em relação a programas humorísticos.

E por falar nesse tipo de programa, um dos mais tradicionais passou a ser exibido no ano seguinte pela TV Paulista: a Praça da Alegria, criado por Manoel de Nóbrega. Também em 1956, mas no dia 1º de julho, a TV Record e a TV Rio fizeram uma transmissão ao vivo do Rio de Janeiro para São Paulo ao exibirem a partida de futebol entre Brasil 2 x 0 Itália, diretamente do Maracanã.

Em março de 1957, Abelardo Barbosa, um dos maiores comunicadores da história da TV brasileira e mais conhecido como Chacrinha, estreou na TV Tupi do Rio de Janeiro com Rancho Alegre e Discoteca do Chacrinha .

Em 14 de fevereiro de 1958, o papa Pio Xll declarou Santa Clara como a padroeira da TV. Segundo a lenda, em 1252, muito doente e em casa, Santa Clara teve visões perfeitas da missa de Natal, como se assistisse pela televisão, e por isso foi a escolhida pelo papa.

Anos 60

Do vídeo tape à transmissão via satélite

Em dezembro de 1959, um advento tecnológico mudou o modo de se fazer televisão no Brasil. Nesta data, começou a operar o primeiro equipamento de vídeo tape na emissora carioca TV Continental. Até a chegada desse aparelho, os programas e comerciais eram transmitidos ao vivo e os telejornais eram falados, como no rádio.

O primeiro programa a ser editado em vídeo tape foi o Chico Anysio Show, que estreou na TV Rio, em março de 1960. Em 21 de abril do mesmo ano, as Emissoras Associadas, de Chatô, transmitiram ao vivo a inauguração de Brasília. Já em setembro deste mesmo ano, Silvio Santos estreou na TV Paulista como animador no programa Vamos Brincar de Forca, que deu origem ao Programa Sílvio Santos.

O primeiro seriado filmado da TV brasileira estreou no dia 20 de dezembro de 1961. Foi o Vigilante Rodoviário, produzido por Álvaro Palácios e protagonizado por Carlos Miranda.

A primeira novela que causou comoção nacional estreou, na TV Tupi do Rio e de São Paulo, em 7 de dezembro de 1964. O Direito de Nascer, novela baseada em história escrita por um cubano, teve o último capítulo transmitido em ginásios nas duas capitais.

História da Televisão no Brasil
Elis Regina e Edu Lobo

O primeiro Festival de Música Popular Brasileira foi exibido pela TV Excelsior em abril de 1965. O destaque foi para a composição de Elis Regina, cantando Arrastão, composição de Edu Lobo e Vinicius de Moraes. O festival teve importância para a música brasileira e grandes talentos foram revelados nesses programas/shows. As composições encantavam a platéia, que se emocionava e torcia para a música predileta. Os outros festivais passaram a ser exibidos pela TV Record.

E foi nessa mesma emissora que dois outros programas musicais tiveram vida e se tornaram marcos tanto na música quanto na TV brasileira: O Fino da Bossa tinha como destaque cantores e compositores da recente Bossa Nova. Já o programa Jovem Guarda foi criado para satisfazer o público mais jovem que apreciava o rock e os ídolos da época.

Neste mesmo ano, nascia a atual maior emissora de televisão do país: a Rede Globo. O canal 4 do Rio de Janeiro foi a primeira emissora da Rede Globo, que hoje reúne mais de 100 emissoras.

Dois anos depois, em 13 de maio de 1967, outra emissora de grande importância para o país é fundada: a TV Bandeirantes de São Paulo, que hoje é a Rede Band.

Com tantas emissoras e programas inovadores, a TV brasileira entrou finalmente nas transmissões via satélite em 28 de fevereiro de 1969. Com imagem do locutor esportivo Hilton Gomes, da TV Globo, a estação terrestre Tanguá foi inaugurada. Em 15 de junho do mesmo ano, a TV Cultura de São Paulo passa a operar como prestadora de serviços públicos, mantida e administrada pela Fundação Padre Anchieta.

E foi graças às transmissões via satélite inauguradas no país cinco meses antes que os brasileiros puderam ver no dia 10 de julho, ainda de 1969, a chegada do homem à Lua. A transmissão foi feita com parceria entre a TV Globo e Tupi, por Gondijo Theodoro, Heron Domingues, Hilton Gomes e Rubens Amaral.

No dia 1º de setembro, mais um programa surgiu para marcar o modo de se fazer TV no Brasil: vai ao ar, pela TV Globo, a primeira edição do Jornal Nacional, informativo transmitido para todo o território nacional que inaugurou oficialmente a rede de microondas da Embratel. Até hoje é o informativo mais tradicional da TV brasileira.

Anos 70

O país vê o tricampeonato de futebol

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A Copa do Mundo de 70 foi transmitida ao país todo pela primeira vez, via Embratel. A partir do dia 21 de junho desse ano, os jogos da seleção, no México, puderam ser vistos pelos brasileiros, e aqueles que tinham aparelhos adaptados, podiam até ver as imagens em cores. Mas foi no dia 19 de fevereiro de 1972 que teve início as transmissões em cores no Brasil, por meio da cobertura da Festa da Uva, em Caxias do Sul (RS).

A TV Gazeta destacou-se na transmissão de diversos programas em cores nessa época, como Vida em Movimento, com Vida Alves, mas sempre em forma de testes. No dia 31 de março daquele ano, a televisão em cores foi oficialmente inaugurada no país. O Bem Amado, transmitido pela Rede Globo a partir de 24 de janeiro de 1973, ficou na história da TV brasileira como a primeira novela em cores. No dia 5 de agosto do mesmo ano, a TV Globo inaugurou o gênero de programas de variedades ao exibir pela primeira vez o Fantástico.

Anos 80

Com o abrandamento da censura, o jornalismo volta a conscientizar

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Com o abrandamento da censura militar no início dos anos 80, os programas jornalísticos ganharam novo fôlego e retomaram a tentativa de formação de uma consciência coletiva nacional.

Os telejornais deixaram de ser somente informativos e passaram a discutir idéias e opiniões. Os debates, em programas juvenis e de entrevistas, passaram a focar o esclarecimento.

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A partir do surgimento do programa TV Mulher, da Rede Globo, os programas femininos adquiriram diferentes formatos e foram muito veiculados em todas as emissoras, não se restringindo mais aos problemas domésticos e incluindo discussões como os direitos da mulher, o posicionamento feminino na sociedade e a mulher como profissional.

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Importantes programas de entrevistas ou debates surgiram durante a década, expressando temas que traduziam o pensamento intelectual brasileiro.

Além das grandes coberturas esportivas nacionais e internacionais, o jornalismo também foi responsável por transmissões de grande repercussão social no país, como as campanhas das Diretas Já, da Anistia Política e da Constituinte. Os noticiários passaram a fazer denúncias de todo tipo e o jornalismo desencadeou um processo de formação de opinião que culminou, no final da década, com a eleição de um político desconhecido para a presidência do país (o alagoano Fernando Collor de Melo), eleito também pela força de manipulação da mais poderosa emissora de televisão do país, a Rede Globo.

Com o retorno do poder civil, o humor voltou a criticar a política e a economia brasileira. Assim, após tanto tempo em silêncio, o humorismo pôde utilizar a sátira político-social com força total.

Nesse período, a telenovela passou a ter diversos diretores: geral, de gravação de núcleos, de elenco e de imagem. Em relação ao texto, além de adquirir uma forma de expressão bastante livre, exibindo qualquer tipo de assunto, contou, ainda, com a introdução do autor-colaborador que, dentro da idéia original do autor principal, criava novas tramas.

No início da década de 80, a Bandeirantes já contava com três novelas diárias em sua programação, à semelhança de sua principal concorrente da época, a Globo, com a qual pretendia competir em pé de igualdade, inclusive do ponto de vista da produção. A transmissão esportiva consagrou-se como carro-chefe da emissora a partir de 1984, com a estréia do Show de Esporte, a maior concentração de programas esportivos da televisão brasileira, ancorado pelo narrador esportivo Luciano do Valle.

As emissoras educativas aumentaram suas atrações de entretenimento cultural e dinamizaram o jornalismo, popularizando mais suas atrações e diminuindo a emissão de aulas, para atingir um público maior.

Outra novidade foi o surgimento das produtoras independentes de vídeo que realizaram reportagens, shows e seriados. Algumas venderam seus produtos para emissoras comerciais. Outras alugaram horários em determinados canais e apresentaram o que produziam, inclusive nas TVs a cabo que começaram a se espalhar pelo país.

A TV Tupi, apesar de pioneira na chegada da televisão, passou por situações difíceis, inclusive por greves, até que o empresário Sílvio Santos a comprou em 1981. Sílvio Santos, conduzindo seu programa de auditório aos domingos, abriu uma financiadora, lojas de departamento e passou a vender o conhecido carnê do Baú da Felicidade. Ele não se preocupava com o Ibope e queria que seu programa fosse diferente dos outros. Com o desmoronamento da TV Tupi e de outras emissoras de televisão que integravam a Rede Associada, surgiu uma grande oportunidade de se criarem novas alternativas para a televisão brasileira. O governo federal anunciou, no dia 23 de julho de 1980, a abertura de uma concorrência para a exploração de duas novas redes de TV. Diversos grupos empresariais, a maioria voltada ao setor de comunicações, demonstraram interesse pelas novas redes.

A briga pelas concessões estendeu-se por mais de um ano, quando, finalmente, o governo escolheu os novos concessionários: a rede “A” foi confiada a Sílvio Santos e a rede “B”, a Adolpho Bloch.

Os contratos definitivos foram assinados no dia 19 de agosto de 1981. Sílvio Santos inaugurou seu Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) no mesmo dia, transmitindo, ao vivo, este momento histórico da televisão brasileira. Já com Adolpho Bloch, a trajetória foi diferente. Bloch investiu maciçamente em qualidade, inaugurando a Rede Manchete quase dois anos depois da assinatura do contrato. Sem aproveitar praticamente nada do que herdou das antigas concessões, revolucionou a televisão brasileira com uma programação voltada para as classes mais elevadas, com filmes e séries premiadas.

Com a extinção da TV Tupi, em 1980, a Record passou a liderar juntamente com a TVS (TV Studios) do Rio de Janeiro, a REI (Rede de Emissoras Independentes), composta em sua maioria por emissoras que pertenciam à Tupi, inclusive o canal 4 de São Paulo. Apesar de sua grande queda no ranking das emissoras, devido à chegada do SBT e ao crescimento da Bandeirantes, a Record ainda investia e visava à cobertura total do estado de São Paulo.

Nesse período, a Record tinha em sua grade o Perdidos na Noite, com Fausto Silva e Dercy aos Domingos, com Dercy Gonçalves. O jornalismo foi reforçado, com a entrada de Dante Mattiussi na direção do departamento e, colocando no ar o Jornal da Record, inicialmente comandado por Paulo Markun e Silvia Poppovic. Em 1988, a terceira geração da família de Paulo Machado de Carvalho assumiu o controle da emissora e, juntamente com Sílvio Santos, decidiu colocá-la à venda. Em 1989, foi concretizada a venda da emissora para o líder da Igreja Universal do Reino de Deus, o bispo Edir Macedo. Nessa nova gestão, a Record ampliou seu raio de cobertura para todo o Brasil, recuperando de vez a sua tradicional posição no ranking da audiência.

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Em janeiro de 1985, a Manchete lançou a modelo Xuxa na televisão, apresentando o Clube da Criança. A primeira novela produzida pela emissora, Antônio Maria foi lançada em agosto do mesmo ano, junto com a série Tamanho Família. Nenhum dos dois emplacou. Sem conquistar boas audiências, Adolpho Bloch aprovou o lançamento de alguns programas humorísticos e populares, apresentados por Pepita Rodrigues, Carlos Eduardo Dollabella e Miéle.

Em fevereiro de 1986, a Manchete já amargava um prejuízo de US$ 80 milhões e uma dívida beirando US$ 23 milhões. Sete meses depois, a emissora sofreu a primeira greve por salários dos funcionários.

Mais uma grande revelação da televisão brasileira é descoberta na Manchete: a apresentadora Angélica. Em abril de 1987, a emissora a inclui no elenco do infantil Nave da Fantasia. Na época com apenas 13 anos de idade, Angélica foi aos poucos ganhando fama e mostrando o seu talento, até ocupar definitivamente a vaga de Xuxa dentro da emissora, apresentando o Clube da Criança e o programa musical Milk Shake.

Anos 90

Em meio à expansão, até a Igreja ganha seu canal

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Nos anos 90 surgiram outras redes, o sistema de TV a cabo cresceu e diversas emissoras independentes em VHF ou UHF foram inauguradas, principalmente pelo interior do Brasil, dirigindo-se a públicos mais específicos.

A comercialização de horários cresceu nas diversas emissoras, sendo alugados para a exibição de programas de vendas diretas ao consumidor e exibição de programas religiosos. A Igreja Católica e várias igrejas evangélicas criaram suas redes de transmissão iniciando uma catequese eletrônica, com horários alugados pelas igrejas, na tentativa de obtenção de novos adeptos. A Igreja Católica criou a Rede Vida de Televisão que, ao lado da Rede Família (pertencente à Igreja Universal do Reino de Deus), se tornou uma das maiores corporações do gênero.

Inúmeros programas passaram a utilizar vinhetas sobrepostas à imagem da atração, com o nome dos patrocinadores ou avisos de promoções comerciais especiais. O merchandising, dominante na telenovela, foi utilizado também nos programas de auditório e nos programas humorísticos. Surgiram canais por assinatura exclusivos para a venda de produtos.

E a televisão incorporou ainda um sistema de discagem telefônica: o 0900, com o qual o telespectador concorria a prêmios valiosos. No final da década, tal forma de exploração do telespectador foi proibida pela Justiça Federal.

A informação manteve o caráter de esclarecimento social e prestação de serviços. A participação do veículo nas transmissões de grande interesse político-social foi intensa, chegando até a mudar alguns acontecimentos da vida pública brasileira, como na campanha para o impeachment do então presidente Fernando Collor de Melo, que o obrigou a renunciar. Em 1990, o fato jornalístico televisionado mais comentado e assistido foi a transmissão ao vivo da Guerra do Golfo, exibida ao mundo inteiro, com imagens dos lançamentos de mísseis e explosões, interrompidas apenas para os comerciais.

E o telejornalismo prestigiou a violência durante toda a década de 90. O programa de maior sucesso foi o Aqui Agora, que explorava o tema com sensacionalismo mórbido e cruel, obtendo grande audiência e motivando outras emissoras a copiarem a fórmula. Surgiu também Luis Carlos Alborgethi, um novo tipo de comunicador de auditório, agressivo, irreverente, propositadamente sem educação. Apresentando temas escabrosos, fazia da televisão um palco da miséria humana, conquistando grande audiência. Seu maior seguidor, e também maior ícone deste estilo é Carlos Massa, o Ratinho. Filmes e seriados estrangeiros seguiram a mesma linha, banalizando a violência. Até a telenovela incorporou cenas trágicas de violência explícita.

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Os anos 90 trouxeram uma maior veiculação do esporte, que chegou a ganhar canais exclusivos para o assunto. A transmissão das corridas de Fórmula 1 passaram a ser feitas pela Rede Globo que mostrava com muita emoção as vitórias do piloto Ayrton Senna, assim como a sua morte. A TV Bandeirantes continuou forte com as transmissões esportivas, consagrando-se cada vez mais como “Canal do Esporte” e televisionando também campeonatos de vôlei.

Os programas femininos alcançaram boa audiência através da simpatia de suas apresentadoras. Ana Maria Braga é revelada pela Rede Record com seu Note e Anote. Canais por assinatura contaram com programas de culinária com apresentação masculina. Houve também a criação do Você Decide, na Rede Globo, e com ele foi dado início à TV interativa, com programas dramáticos ou de informação, que faziam o telespectador participar opinando, através de telefones, fax, ou entrevistas ao vivo, dos mais diferentes assuntos, definindo a conclusão do programa.

As duas principais emissoras educativas do país transformaram-se em redes individuais, desenvolvendo o telejornalismo e os programas infantis que, além de conquistarem premiações em festivais ou mostras internacionais de televisão, puderam ser exibidos por todo o país, através das outras estações educativas afiliadas.

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Para concorrer com Sílvio Santos, a Globo trouxe o apresentador Fausto Silva (o Faustão) para seus domingos. Jô Soares trocou a “vênus prateada” (nome dado à Rede Globo) pelo SBT, onde passou a apresentar o noturno Jô Soares Onze e Meia, uma espécie de programa de entrevista, chamado de talk-show. A fórmula deu certo e outras emissoras copiaram a idéia, tentando aumentar a audiência através das entrevistas com personalidades importantes, artistas, atletas, socialites e pessoas comuns com histórias interessantes para contar. O SBT também investiu bastante nas novelas, construindo, inclusive, uma cidade cenográfica para filmá-las com mais autenticidade. A emissora obteve sucesso com as novelas Éramos Seis, As Pupilas do Senhor Reitor e Sangue do meu Sangue.

A partir de 1992, esporte, jornalismo e filmes formavam o tripé da programação da Bandeirantes, que não parava de crescer em número de afiliadas. Atualmente, a Band tenta desligar-se de seu famoso slogan, investindo em áreas mais variadas de produção, além de reforçar seu jornalismo. O departamento de esportes da emissora foi terceirizado, passando para o comando da Traffic, produtora especialmente dedicada à transmissão de eventos esportivos.

Em outubro de 1990 foi inaugurada a MTV brasileira, que faz parte da rede norte-americana MTV Networks, no ar nos EUA desde 1981. Sua programação consiste de clipes musicais, informação, shows e entrevistas, sendo assistida, segundo pesquisas, por pessoas entre 12 e 34 anos; e ficando 24 horas no ar.

Houve também a expansão da TV a cabo no Brasil.

Nela o assinante pode encontrar um número grande de canais, além de uma programação segmentada: um canal só de desenhos, outro só de filmes, outro só de esportes.

Em março de 1995, a Record adquiriu o prédio e os moderníssimos equipamentos da TV Jovem Pan de São Paulo. Mudou sua sede do bairro do Aeroporto para a Barra Funda e prosseguiu o seu processo de expansão, inaugurando cada vez mais novas emissoras pelo Brasil. Um ano depois, garantiu o terceiro lugar no ranking da audiência e investiu em novos programas. Carlos Massa, o “Ratinho”, chegou à emissora em 1997, com o Ratinho Livre. A Record fez jus a seu nome e alcançou altos índices de audiência em pleno horário nobre, chegando a derrotar a Rede Globo, quando a mesma encerrava a novela das oito. O elenco da emissora foi reforçado, com a contratação de grandes nomes, além do investimento no terceiro lugar no ranking de audiência.

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Na dramaturgia, o maior destaque foi a novela Pantanal, da Rede Manchete, que entrou no ar em março de 1990. Produzida por Benedito Rui Barbosa e dirigida por Tisuka Yamasaki, Pantanal revolucionou a televisão brasileira, derrotando a Rede Globo e ultrapassando a marca de 30 pontos nos Ibope. Seus capítulos, recheados de cenas turísticas, ecológicas e sensuais, conquistaram os telespectadores e a própria emissora, que faturou US$ 120 milhões no mesmo ano. Mas, em julho de 1990, o Banco do Brasil embargou os bens da emissora para garantir o pagamento de U$ 60 milhões em dívidas.

Em dezembro de 1990, a emissora lançou A história de Ana Raio e Zé Trovão, uma novela itinerante, que percorreu 14 mil quilômetros em dez meses de exibição. Custou US$ 8 milhões e atingiu uma média de 16 pontos de audiência. Uma série de problemas financeiros atingiu a emissora e os empregados, revoltados, chegaram a retirar a emissora do ar. Após um breve alívio em 1996, quando foi realizada a novela Xica da Silva, a Manchete voltou a afundar em dívidas e, em janeiro de 1999, a Igreja Renascer em Cristo, assumiu o controle da emissora, após um contrato de arrendamento. O pacto foi desfeito após um mês, pois a Igreja não pagou a primeira parcela do contrato e beneficiou poucos funcionários que se encontravam com salários atrasados.

A família Bloch novamente retornou ao controle da agonizante rede, procurando urgentemente um comprador ou uma maneira para quitar aos poucos suas dívidas. A última esperança para a solução do “caso Manchete” foi sua venda para o grupo TeleTV, do empresário Amilcare Dallewo, um profissional de telemarketing de nosso país. Em maio de 1999, os Bloch e Dallewo concretizaram a venda da emissora.

Um mês depois, surgiram os primeiros efeitos da nova administração: tudo que atendia pelo nome “Manchete” foi retirado do ar para ceder lugar a um novo nome que passou a ser adotado pela emissora: Rede TV!.

Os funcionários foram pagos e a greve que atingia vários setores acabou.

Fonte: www.tvgazeta.com.br

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