Autores lançam coletânea de crônicas 'Amores em Quaretentena'

E-book, disponível gratuitamente na internet, traz histórias atuais sobre o período de distanciamento social



"Amores em Quarentena" é uma coletânea de crônicas inéditas de dez autores, incluindo os paraenses Edyr Augusto, Vladmir Cunha, Marcelo Damaso, Caco Ishak e Toni Moraes, que foi disponibilizada para acesso gratuito na internet, há uma semana. Mais do que uma janela ficcional para entreter o público durante a fase de isolamento social necessária à contenção da Covid-19, o e-book traz histórias atualíssimas que se passam nesse período estranho de quarentena em que situações da relação humana são revistas.
A ideia partiu de Marcelo Damaso, que assina a organização do livro. Os demais autores de “Amores em Quarentena” são de outras partes do Brasil: a paulista Ana Rüsche, a curutibana Estrela Leminski e os gaúchos André Takeda e Rochele Bagatini, além da piauiense Patrícia Rameiro, que mora em Belém.  
“Juntei dez autores nesse livro para falar de histórias de amor que se passassem na quarentena - não são todas necessariamente histórias de amor -, mas que levassem uma palavra de esperança em um cenário que vivemos de notícias ruins a todo momento”, explica Damaso.
“Lançamos o livro gratuito. Precisamos dar mais alguma coisa para as pessoas fazerem em casa. Foi uma forma que a gente viu de tentar contribuir com isso”. Não há previsão de ser publicada em versão impressa. A publicação é dedicada à memoria de Rubem Fonseca, recém-falecido.
"Sou muito fã dele (Damaso), li o primeiro livro dele. Ele me chamou: 'Vamos fazer alguma coisa, aproveitar que tá todo mundo em casa. Vou chamar os amigos e ver quem topa fazer alguma coisa'", recorda Edyr. "O Marcelo é empreendedor e corajoso, a gente tem muita falta disso aqui em Belém, que é uma terra difícil. Ele é jovem e fez uma rede de pessoas de música, literatura... e isso é importante. Eu quis participar", acrescenta o autor de "Pssica" e do recente romance "Belhell".
A ilustração da capa em cores vibrantes, assinada por Rodrigo Cantalício, tem muito a dizer sobre a coletânea: Uma mãe segura um pote de vidro tampado com um coração dentro enquanto a outra mão se prepara para quebrar o invólucro com um martelo. A preparação, revisão e diagramação é da Monomito Editorial, de Toni Moraes.
Edyr Augusto traz um conto policial que se passa na Avenida Presidente Vargas com a Rua Riachuelo, conhecido ponto de prostituição do centro de Belém. Ali, um jovem de família rica, filho de fazendeiro de Marabá, se aventura com prostitutas e o consumo de drogas até ser convidado por pessoas do lugar para invadir uma loja que está fechada devido à quarentena. O assalto resulta em um homicídio e muita confusão vai se desenrolar.
"Fiz um conto inédito para o livro, mas não quis fugir do meu estilo (policial) e quis pegar meus amigos que moram ali e que são testemunhas das coisas que acontecem ali todo dia". "Você pega aquele cenário ali e pensa o que pode acontecer (na quarentena). E começa a deixar a imaginação rolar pra ver o que acontece e isso é que é legal".
Aos 66 anos, Edyr Augusto é o mais experiente entre os autores da publicação: "Me sinto feliz de estar me metendo com essa turma jovem. As pessoas estão lendo e adorando, ganhou uma visibilidade enorme. É bom isso". 
O jornalista e cineasta Vladimir também investiu em uma história policial. Ele escreveu sobre um homem que enriqueceu na corrupção e decide passar a quarentena ao lado de um grupo de prostitutas. Mas o isolamento vai transformando gradualmente a situação até chegar a uma situação limite de violência. "A história é estruturada como um roteiro de cinema, muito rápida e dinâmica", descreve.
Vladimir faz uma homenagem ao DJ Maluquinho, de quem é amigo pessoal, ao citar na crônica os sucessos dele "Rubi" e "Val Pescador", que embalam a história. "Sempre quis escrever alguma coisa que usasse as músicas dele, principalmente essas duas que gosto muito".
Fonte: O Liberal/Literatura (Texto e Foto)

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