Edy-Lamar lança livro em homenagem a Belém nesta quinta




Os estudos literários costumam classificar os poetas em dois grupos: os artífices, que trabalham à exaustão o verbo, lapidando-o com rigor, quase como se fossem um artesão; e os possessos, aqueles que, confiando apenas na inspiração, esperam sentir-se possuídos por uma espécie de divindade para poder compor. Edy-Lamar d´Oliveira pertence, em todos os sentidos, ao primeiro time. Ela não apenas elabora, reelabora, elabora novamente, faz uma devasse no campo do poema, constroi e destroi quantas vezes forem necessárias, até conseguir o resultado ideal.
Capaz de inutilizar uma resma de papel (sim, ainda escreve seus versos a mão e o pacientíssimo marido, professor Miguel Oliveira, os digita) em busca de ritmo e cadência precisos, ela não apenas agiu assim quando elaborou os poemas que integram seu novo livro, "Canto à Minha Cidade", foi lançado na quinta-feira, 9, no Teatro "Waldemar Henrique", com apresentação de seu confrade e amigo João Carlos Pereira, como também produziu, editou a obra e cuidou de todos os detalhes da sessão de autógrafo.
"Dá trabalho, viu? Esse livro estava pronto há 3 anos, mas eu fiquei um tempo fora do Brasil e só consegui prepará-lo agora. Fui deixando, deixando, mas chegou o momento", conta a escritora. "É um belo livro. Um dos mais bonitos que já li", elogia João Carlos.
Autora de 10 livros publicados e de 32 inéditos, Edy-Lamar é também uma colecionadora prêmios. São tantas as distinções, que ela se deu ao luxo de recusar duas. "Eu inscrevi dois trabalhos no concurso literário da APL. Os acadêmicos resolveram abrir os envelopes com as indicações, justamente no dia em que haveria eleição e eu era candidata. Como fui eleita momentos depois de saber do prêmio, não achei justo aceitar e recusei, já que, a partir daquele momento, eu passei a pertencer à Academia".
A obra foi dividida em três partes: na primeira, estão os poemas sobre Belém. "Eu amo minha cidade. Não há lugar que eu mais ame, por isso escrevi vários poemas sobre ela". Na segunda, buscou lendas urbanas sobre visagens, para transformá-las em poemas. "Eu sei que essa é uma área do mestre Walcyr Monteiro, mas entrei um pouquinho nela e escrevi poemas sobre as assombrações do Theatro da Paz, sobre a Moça do Táxi, sobre o Padre sem cabeça, sobre o Cruzeiro do Telégrafo e muitas outras".
Na terceira parte, homenageou personalidades de Belém, às quais chamou Estrelas de Belém, pessoas a quem muito admira. Finalmente, vieram os poemas sobre estrelas que já se apagaram, mas, como ela mesma diz, "deixaram sua luz", como Sylvia Helena Tocantins, Hilmo Moreira, Leonam Cruz, Orlando Zogbhy, João Paulo do Valle Mendes e Isaac Soares.
Poeta extremamente exigente e intelectual refinada, apesar de ser odontóloga, pós-graduou-se em Estudos Literários pela Universidade do Estado. Como sempre gostou de cantar, resolveu presentear seus leitores com um CD, no qual interpreta quatro canções, uma delas de sua autoria, todas sobre Belém
"Desde menina eu cantava na Igreja, no Colégio e acho que canto bem. No meu tempo, isso seria um compacto duplo, mas agora tem outro nome". O livro, todo em papel couché, com o selo da Marques Editora, e muitas fotografias coloridas, será vendido, mas o CD acompanhará a obra impressa, como um presente da escritora aos seus leitores.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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