Obra de Ruy Meira é restaurada



Uma tela de Ruy Meira, artista plástico que foi referência no Pará entre as décadas de 40 e 90, foi achada no lixo em estado bastante deteriorado. A obra datada de 1974 recebeu restauração no Museu da Universidade Federal do Pará (UFPA), num tarefa trabalho lento e delicado, feito com profissionais especializados da própria instituição, que durou 15 meses. "Descobrimos que era uma tela do Ruy Meira, mas de uma fase pouco conhecida dele, abstrata, uma fase interessante de mudança de rumo da trajetória artística e que tem poucas obras disponíveis desse período", descreve a diretora do museu, Jussara Derenji. 
A obra expressa a fase abstrata do artista paraenseA obra expressa a fase abstrata do artista paraense (Patrick Pardini / Divulgação)
A obra sem título é um óleo sobre tela com dimensão de 69.5 x 47. O desenho retratado parece ser uma gengiva com figuras não definidas, em que uma arcada dentária é perceptível logo abaixo. Após ter sido catada em uma lixeira da Avenida Governador José Malcher, o funcionário do Museu levou-a para a instituição sem saber a autoria, a fim de que fosse avaliada. A data em que isso ocorreu, não foi informada. "A assinatura do autor estava invisível, mas no verso estava clara. A policromia estava se desprendendo, você tocava e ela soltava", recorda a restauradora Tânia Veloso. A tela apresentava rasgo, tinta descascando, cores esmaecendo e havia sujeira e manchas impregnadas, além da estrutura da tela mole, o que deixava o tecido balançando.
A restauração foi iniciada em junho de 2017 e concluída em setembro de 2018. "O restauro é um processo demorado e que requer paciência, que exige materiais específicos que tiveram que vir de São Paulo", conta Derenji. "Com o restauro foram recuperadas as cores originais e a assinatura se tornou visível. O primeir trabalho que tivemos foi a ressuscitação dessa policromia que estava em desprendimento. Depois, havia um buraco, que chamamos perda de suporte, fizemos remendo, enxerto e costura e, por último a reconstrução cromática. Essa obra já está recuperada e acondicionada de forma adequada no museu", assegura.
Além de Tânia, o trabalho contou com a coordenação do museólogo Wanderson Amorim e dos estagiários de Artes Visuais da UFPA, Marina Pantoja, Railiane Botelho, Ícaro Amoras e Henrique Montangne. Foram investidos cerca de R$ 1.500 na aquisição de materiais, com recurso do Fundo de Conservação do Museu e a participação da Associação dos Amigos do Museu da UFPA. Hoje, a tela está acondicionado na reserva técnica do Museu da UFPA, uma sala especial com higienização periódica e controle de iluminação, de temperatura e de acesso.
Quem foi 
Ruy Augusto de Bastos Meira nasceu em 30 de novembro de 1921, em Belém, e faleceu em 29 de julho de 1995, na mesma cidade. Foi na Escola de Engenharia que ele despertou para as artes. Em 1944 fez a primeira exposição no V Salão Oficial de Belas Artes, do governo do estado, em dez anos após, junto com outros artistas, foi responsável pelos primeiros trabalhos abstratos registrados no Pará. Ele iniciou a carreira com a pintura, mas também atuou na gravura, desenho, escultura em cerâmica - na qual se notabilizou - e, ainda, fez incursões na poesia. Ruy Meira participou de várias mostras individuais e coletivas, foi curador de mostras, dono de galeria e atuou em júri de premiações e pres

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

Nenhum comentário