Escritores e amigos lembram com carinho de Walcyr Monteiro



Lendário como as obras que tanto amou, Walcyr Monteiro seguiu o rumo do desconhecido. A contribuição inigualável do artista para a literatura paraense sempre foi elogiada por amigos, escritores e leitores. Amante da cultura amazônica, do mito e das lendas, o paraense foi um dos pioneiros no gênero literário que lhe conferiu o maior sucesso da carreira, o livro "Visagens e Assombrações de Belém", que deve ganhar a 9ª edição ainda neste ano. O autor morreu na manhã desta quarta-feira (29), em decorrência do agravamento de uma pneumonia.

O escritor Salomão Larêdo também foi uma das pessoas que dividiu momentos com Walcyr, seja em feiras literárias ou eventos de divulgação das produções. "Muitas vezes fomos falar da nossa literatura em diversos lugares e coincidia de viajarmos juntos", lembra. Para ele, o escritor foi e continua sendo importante para defesa da cultura amazônica. "Walcyr era um sujeito de uma boa conversa. A gente gostava de estar junto com ele, um pesquisador do imaginário e do lendário daqui. Uma voz forte em defesa da Amazônia que valorizava o que é nosso", pontua. 
O escritor e jornalista Paulo Maués lembra com carinho do amigo que manteve perto tanto na vida profissional como pessoal. "Comecei meu contato com o Walcyr primeiro como leitor e depois como amigo e revisor dele. A gente trabalhou junto por 20 anos. Tá sendo um momento muito difícil, ele vai fazer muita falta. Trabalhar com ele era uma aprendizado permanente. Muita coisa eu faço hoje por influência e incentivo dele. Meu trabalho com as lendas, sobretudo, é resultado do incentivo dele e da influência dele", explica ele, que pesquisa academicamente o tema desde 1999.
"Ele não viveu desse trabalho mas viveu para esse trabalho. Foi a grande missão dele", declara o jornalista e escritor Paulo Maués.   

Para Paulo, o escritor teve um "trabalho de relevância inigualável e fez um tema em que ninguém trabalhava no início da década de 70". Na época, Walcyr publicava os contos no Jornal Província do Pará e sempre teve a preocupação de não deixar que o conteúdo se perdesse ao longo do tempo, lembra ainda o amigo. "Naquela altura, as histórias circulavam e ninguém registrava. A grande preocupação do Walcyr foi registrar isso porque iria se perder. A televisão tomava um espaço muito grande no cotidiano da cidade e ele teve a brilhante de publicar sobre", conta.
A acessibilidade do autor, sempre disposto a conversar com leitores e possíveis novos interessados em literatura foi lembrada pelo irmão, o escritor e jornalista Walbert Monteiro. "Nos últimos meses, ele vinha montando uma banca na feira da Praça da República, aos domingos, para interagir com o público sobre os livros dele. Nunca se deixou empolgar pela fama e estava sempre disponível para conversar com as pessoas. Foi um amante da vida", comentou.
De acordo com Walbert, o escritor, de quem também era parceiro na Academia Paraense de Jornalismo (APJ), "era uma pessoa alegre e comunicativa, um cultor de tudo o que dizia respeito não apenas ao Pará, mas à Amazônia, e conseguiu transmitir isso em palestras e livros".
"O Walcyr é um ganho. Jamais será perda", afirma o escritor Salomão Larêdo
De acordo com o escritor, a herança para a literatura amazônica deixada por Walcyr deve ser celebrada. "Não é que ele morre. Ele não morre. Fica o trabalho, a luz dele, as obras e beleza de ser humano que ele era. Fica esse amor pela Amazônia e terras paraenses em defesa do que é nosso. Sempre ganhamos toda cultura, literatura... No aspecto humano em todos os sentidos e agora mais ainda porque ele está perto da luz. Agora vamos continuar o trabalho de empenho que ele teve", conclui.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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