Poesia de Capanema reverbera em Moçambique
**A poetamiga Conceição Maciel, integrante da "Nação Literária" de Capanema-Pará, participa de um grupo junto com poetas moçambicanos e ao enviar trabalhos para serem inseridos numa galeria de exposições internas do referido grupo, houve grande repercussão sobre o tema de sua poesia e o poeta Alexandre escreveu o texto que reproduzo abaixo...
Em
jeito de *reflexão*
"
Quem faz um poema abre uma janela.
Respira,
tu que estás numa cela abafada,
esse
ar que entra por ela.
Por
isso é que os poemas têm ritmo
-
para que possas profundamente respirar.
Quem
faz um poema salva um afogado."
*Mario Quintana*
"Da
Janela", este título abre um vasto campo de interpretação, que só mergulha
quem lê todo o texto, pois se não o faz será como alguém que está
apartado da janela e só pode contemplar uma pequena parte do mundo.
Retomo
este texto para este voo reflexivo, pois havia guardado para um momento
especial, como eu disse no instante que amante Conceição publicou , porque
tinha que me manter disponível, limpo e reluzente para ver bem o mundo e a
paisagem descritos nesta composição poética da amante Conceição.
Em
"Da Janela", há quem diga que seja poesia, e há quem possa preferir
enquadrar imediatamente numa prosa
poética, sob ponto de vista estrutural, mas o que é inequívoco e impressionante
, à meu ver, é este jogo de imagem-texto
que cria um todo harmonioso, que Maciel revela neste texto. Sem citar trechos
deste texto, Maciel deixa transparecer a ideia de que se um dia trancarem a sua
porta, deixa a sua mente pular pela Janela para conhecer melhor o mundo que o
rodeia.
Por
se tratar de um texto que não está sob forma de "versos e estrofes ",
não vou avançar a análise fragmentada, porém ,permitam-me considerar "O
vento ..... nostalgia " como sendo a primeira estrofe, em que o sujeito
poético "aponta o dedo" ao
*Vento* como um protagonista das suas
lamúrias, um extremista que foi capaz
de levar para bem longe a sua beleza,
juventude, amor, e sem deixar nenhum vestígio para servir de testemunha. Um
"vento" que, além de soprar a sua mente para receber bênçãos, apenas
devastou e semeou um vazio que só se preenche pelos resquícios de nostalgia.
E esta concepção que, Maciel nos mostra neste
texto revela que, quem espera o vento carrega, pois o vento só destrói quando
nos encontra desprevenido, até prevenidos. Todavia, com este trecho exorta-nos
para sermos vigilantes constantemente de modo que o *Vento* não emaranhe os nossos cabelos e não leve as
flores, que nunca murcham, e que não
deixe os nossos rostos escorrendo rios de lágrimas.
Talvez
seja por esta razão que o nosso amante Feitiça
em" *Querida* , *minha mãe* " , tenta mostrar que viemos de
longe, naquele leito vago de glória e pede forças e esperança de lutar. Desta
forma, é que se pode repreender este vento que Maciel, nos mostra a sua postura
neste trecho.
E se
admitirmos que " A noite....canção " seja a segunda estrofe, é
possível notar que o sujeito poético tenta esconder o seu sofrimento na
escuridão que cresce de forma atroz a partir dos sopros dos ventos esperando
pela lua nova para dar o brilho do seu sonho, mas sem sucesso, acaba afogando
as suas mágoas sozinha na imensidão e cobre seu corpo esbelto pelo lençol.

E a
mulher nesta imagem que se afigura espera pela sua janela a vinda deste belo
momento. E mais adiante, no seu novo texto publicado *"Quando ela passa* ",
Maciel mostra-nos esta mulher forte de que se fala, que, por onde passa ela
chama atenção, inspira amores, atravessa
a rua com elegância e beleza e nos olhos carrega a sua coragem e certeza e
aqui, o *Vento* já não destrói, mas sim
*balança* a sua saia rodada que acompanha o gingado do seu rebolado.
Infelizmente, neste texto em análise
"Da Janela", não é possível esta mulher exibir esses
holofotes.
Enfim,
como diz amante *Aparício* , no seu texto, *Riqueza* "rebola amargamente, verme no pó
quente." E o Aparício é justo ao trazer à tona esta concepção. É que o " mundo precisa de uma bela
tristeza ", como dizia *Lucílio Manjate* , escritor moçambicano, nosso
amante, para quem eu tiro chapéu, no seu
livro "A triste História de Barcolino".
*Queria ser como tu* , como diz amante
*Namburete* no seu texto, e eu digo queria ser como tu, amante *Conceição
Maciel* ter esta belíssima criação literária que tu tens.
Lindo.
Pronto
falei.
Edição: Maikon Douglas
Texto: AAlexandre Carlos Constantino (Poeta moçambicano)
Parabéns querida.Voce merece todos os elogiosa e mais.Grande poeta,escritora e amiga sincera.
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