História do massacre de garimpeiros em Serra Pelada é contada em livro



Depois de 32 anos do episódio do massacre dos garimpeiros de Serra Pelada, em Marabá, também conhecido como "Guerra da Ponte", o jornalista e escritor Paulo Roberto Ferreira revive a história com o livro-reportagem "Encurralados na ponte: o massacre dos garimpeiros de Serra Pelada".
Um material baseado em relatos e documentações que trata de uma história não concluída e ainda cheia de mistérios. O lançamento é nesta quarta-feira (22), a partir das 18h, na sede da editora Paka-Tatu, localizada Rua Bernal do Couto, entre Generalíssimo e Dom Romualdo de Seixas.
O insight de escrever o livro sobre esse fato histórico surgiu em 2017, quando Paulo Roberto se encontrava em um debate na Universidade Federal do Pará (UFPA) e uma pessoa que estava no local lhe perguntou sobre o massacre, uma vez que o jornalista fez a cobertura do episódio, em 1988, quando trabalhava em O Liberal.
"Achei curiosa aquela indagação e provocação justamente quando o massacre completava 30 anos. Aquilo martelou na minha cabeça e no mesmo ano comecei a realizar o trabalho de apuração e pesquisa", disse o escritor.  Voltando um pouco ao momento do massacre, que ocorreu em 29 de dezembro de 1987, o jornalista foi escalado para cobrir o fato.
Paulo Roberto Ferreira entrevistou sobreviventes e familiares das vítimas do massacre na pontePaulo Roberto Ferreira entrevistou sobreviventes e familiares das vítimas do massacre na ponte (Divulgação)
"Eu fui para Marabá poucos dias depois do massacre, logo no início de janeiro. Lá, eu passei uma semana. Conversei com várias pessoas, entre fontes primárias (pessoas envolvidas no massacre) e secundárias (instituições). Depois de um trabalho intenso de apuração a matéria foi publicada em 18 de janeiro", relembra o jornalista.
Paulo Roberto diz que logo após o questionamento, ainda em 2017, deu início ao trabalho de pesquisa e apuração. Foram inúmeras entrevistas e ampla pesquisa documental no Arquivo Nacional, na Biblioteca Nacional, na Câmara Federal, na Fundação Casa da Cultura de Marabá e nos acervos digitais dos grandes conglomerados da mídia do Brasil, para atualizar a violência ocorrida há 32 anos.
No episódio, forças policiais do Estado do Pará abriram fogo, sob ordem ou conveniência do governador Hélio Gueiros, contra mais de 300 pessoas, entre eles garimpeiros, mulheres grávidas, jovens e crianças que estavam na ponte rodoferroviária de Marabá, por onde transitava o minério de ferro da Vale, em 29 de dezembro de 1987.
A primeira iniciativa do escritor foi retornar a Marabá, onde ele foi em busca de familiares dos homens e mulheres que bloquearam a ponte mista de Marabá para pedir a reabertura do garimpo de Serra Pelada. "Fui em busca desses familiares e também encontrei sobreviventes", completou.
O processo de levantamento de dados durou dois anos e o que o escritor avalia com esse trabalho é que o episódio continua vivo na memória dos familiares e dos sobreviventes do massacre. "Ainda existem muitos traumas. É muito doloroso para essas pessoas. Nos relatos as pessoas falam de como era viver em Serra Pelada" pontua.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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