ESPECIAL COPA DO MUNDO 2010 - Notícias, Fatos e Fotos.

Edição: Paulo Henrique

Eficiente como nunca, Holanda vence Camarões e garante os 100%

Laranja faz 2 a 1 na Cidade do Cabo e é perfeita na fase de grupos pela primeira vez na história. Africanos, por sua vez, saem da Copa sem pontuar

Futebol total. Totalmente eficiente. A Holanda não encanta como já encantou. Não tem craques como já teve. Mas é competitiva como jamais foi. E comprovou isso na vitória por 2 a 1 sobre Camarões, nesta quinta-feira, no estádio Green Point, na Cidade do Cabo, pela terceira rodada do Grupo E. O resultado garantiu a Van Persie, Sneijder e cia. algo que nem Cruyff conseguiu: 100% de aproveitamento na primeira fase da Copa do Mundo.

Pragmático, o time holandês não massacrou, não buscou o ataque desde o início, não deu espetáculo. Mas venceu com segurança e deu uma despedida melancólica aos “Leões Indomáveis”. Como se não bastasse ser a primeira seleção eliminada do Mundial, os africanos são também os primeiros a encerrarem a participação na África do Sul sem um pontinho sequer.

A terceira vitória na Copa veio através de lampejos de seus principais jogadores. Agora, sim, todos os seus principais jogadores. Van der Vaart e Van Persie tabelaram no primeiro gol, marcado pelo atacante do Arsenal. E Robben, que finalmente estreou, teve participação decisiva no gol da vitória, marcado por Huntelaar em rebote de chute na trave quando o placar apontava 1 a 1. Eto’o fez para os camaroneses, de pênalti.
Robben finalmente estreou e foi decisivo no segundo gol, que garantiu a vitória holandesa (Foto: Reuters)Com nove pontos, a Laranja se junta à Argentina como uma das seleções perfeitas no Mundial – o Brasil, com seis pontos, também pode repetir o desempenho -, e encara a Eslováquia, nas oitavas de final. O confronto acontece segunda-feira, às 11h (de Brasília), em Durban.

A outra vaga do Grupo E ficou com o surpreendente Japão, que venceu a Dinamarca por 3 a 1 e encara o Paraguai, terça-feira, em Pretória, também às 11h.


Cinco minutos de bom futebol bastam para a Holanda

Apagado, Eto'o pouco apareceu no primeiro

tempo da partida na Cidade do Cabo (Foto: AP)A seleção africana era Camarões, mas quem jogou em casa foi a Holanda. Colonizada por holandeses, a Cidade do Cabo pintou o estádio Green Point de laranja para receber uma das poucas seleções com 100% de aproveitamento no Mundial. Faltou, no entanto, ao time de Bert van Marwijk a mesma disposição de seus antecessores, que deram origem aos Africâners, que comandaram o país nos tempos de apartheid.

Com passes para o lado e poucas jogadas que lembrassem o tradicional “futebol bonito” holandês, os europeus “sentaram” sobre a classificação antecipada e tiveram uma apresentação morna nos 45 minutos iniciais. Nada muito empolgante, mas suficiente para sair na frente do placar com lampejos de seus principais jogadores: Van Persie e Van der Vaart.

Jogando pela honra dos “Leões Indomáveis”, os camaroneses mostravam muita disposição ofensiva, mas nenhuma organização. Eto’o, muito apagado, era um mero figurante, e o chuveirinho rolava solto sem nenhuma eficiência.

Chutes de longe distância sequer eram capazes de atrair a atenção do torcedor, mais preocupado em fazer “ola” nas arquibancadas. Jogando muito pelo meio, a Holanda não fazia uso de seus “pontas” Van de Vaart e Kuyt, e não deixava nada orgulhoso Clarence Seedorf, que observava seus compatriotas da tribuna.

Pressionado pela imprensa de seu país pelas más atuações nas duas primeiras rodadas, Van Persie era quem mais tentava. Aos 19, ele recebeu lançamento de Van Bronckhorst, dominou no peito e concluiu para a defesa de Souleymanou. O goleiro camaronês participava bem do jogo. As intervenções, por sua vez, não eram das mais complicadas, como em chutes de Sneijder e Van der Vaart aos 23 e 25.

Van Persie e Van der Vaart comemoram gol da Holanda contra Camarões (Foto: Reuters)O jogo continuava sonolento, e a “Ola” deu lugar ao sopro nas vuvuzelas como se os torcedores quisessem acordar os jogadores. Deu certo. Pelo menos do lado holandês. A Laranja versão 2010, que deixou de ser um carrossel para se tornar apenas mecânica, fez uso de uma de suas principais armas: a troca de passes rápidos.

Aos 31, Sneijder tocou para Boulahrouz, que serviu Kuyt dentro da área. O atacante girou rápido e chutou cruzado para fora. Quatro minutos depois, enfim, o gol. Van Persie recebeu pela direita e fez uma tabelinha com Van der Vaart. Kuyt, no meio do caminho, fez o corta-luz com um pulinho, e o atacante do Arsenal ficou livre para bater firme e respirar aliviado. Gol da Holanda. O primeiro de um de seus principais atacantes no Mundial.

Os cinco minutos de bom futebol, no entanto, pararam por aí. Em vantagem, a Holanda voltou a “cochilar”, e Camarões continuava tropeçando nas próprias pernas. Até o fim do primeiro tempo, foram dez minutos de chuveirinhos e cortes da defesa.

Robben estreia e encanta

Na volta para o segundo tempo, a Holanda deixou claro que não fazia muita questão de ampliar o placar. Toda atrás da linha da bola, a seleção europeia observava o adversário girar a bola de um lado para o outro e esperava um erro para sair no contra-ataque. Foi o que aconteceu logo aos cinco minutos. Van der Vaart fez o desarme no campo defensivo e lançou Van Persie, que chutou em cima do goleiro.

A esta altura, o torcedor estava mais preocupado com o banco de reservas, onde Robben começou a se aquecer para, após se recuperar de lesão muscular, finalmente estrear no Mundial. Diante da passividade holandesa, Camarões se mandava para frente. Aos 14, Eto’o fez fila na entrada da área, driblou três adversários e chutou prensado para fora.

Eto´o fez seu segundo gol na Copa do Mundo e descontou para a seleção de Camarões (Foto: Reuters)O lance deu início a uma “blitz” que resultou no gol de empate. Aos 16, Makoun ainda desperdiçou boa chance na frente de Stekelenburg, mas dois minutos depois Eto’o não perdoou. O ídolo camaronês cobrou com força pênalti assinalado após Van der Vaart interceptar com a mão cobrança de falta: 1 a 1.

A igualdade fez com que a Laranja resolvesse jogar. Aos 22, De Jong escorou de canela cruzamento de Sneijder e mandou para fora. Foi a senha para que Bert Van Marwijk chamasse Arjen Robben. Aos 28, o astro pisou pela primeira vez em gramados sul-africanos, e o torcedor vibrou como um gol.

Vibração precoce, mas que se repetiu para valer dez minutos depois graças a uma jogada com participação decisiva do jogador do Bayern de Munique. Em alta velocidade, Robben mostrou que está recuperado do problema que quase o tirou do Mundial, recebeu lançamento pela direita, cortou para o meio, deixou Song para trás e concluiu com maestria. A bola caprichosamente beijou a trave direita. No rebote, Huntelaar, completamente livre, escorou bem e garantiu os 100% de aproveitamento na primeira fase. Finalmente completa, a Holanda diz "presente" na chamada dos favoritos ao título mundial.



Tragédia italiana na África: Azzurra perde para Eslováquia e está fora da Copa


Quatro anos depois de ganhar o título na Alemanha, italianos fazem pior campanha de sua vitoriosa história e terminam na lanterna do Grupo F
 
Na Copa de 2006, Itália e França estavam juntas, frente a frente no estádio Olímpico de Berlim para decidir a Copa disputada na Alemanha. Quatro anos depois, as duas seleções com títulos mundiais no currículo estão novamente unidas. Mas com um destino bem diferente: eliminadas na primeira fase do Mundial 2010. Nesta quinta-feira, os italianos, atuais campeões do mundo, foram desclassificados na África do Sul ao perderem por 3 a 2 para a Eslováquia no estádio Ellis Park, em Joanesburgo.


Em 80 anos de história dos Mundiais de futebol, nunca campeão e vice haviam sido eliminados na fase inicial da competição seguinte. E pela primeira vez, a tetracampeã Itália, lanterna do Grupo E, deixa uma Copa sem vencer um jogo sequer (dois empates e uma derrota). A pior campanha de sua vitoriosa história.

Em seu primeiro Mundial como país independente, a Eslováquia avançou para as oitavas de final. Como segunda colocada do Grupo F, com quatro pontos, a equipe vai encarar na próxima segunda-feira a Holanda, ganhadora da chave E. A partida ocorre em Durban, às 11h (de Brasília). Vencedor do Grupo F ao empatar sem gols com a Nova Zelândia, o Paraguai enfrenta na próxima terça- feira o Japão, segundo do E. O jogo será disputado em Pretória, também às 11h.
Em 2006, Cannavaro levantou a Taça Fifa. Em 2010, deixou o campo chorando, eliminado (Getty Images)

Defesa erra, e Itália sofre gol na etapa inicial

Após indicar que daria uma oportunidade para Pazzini, Marcello Lippi surpreendeu ao manter Iaquinta no time. Além de Gattuso, que já tinha o retorno previso no lugar de Marchisio, outra novidade foi a presença de Di Natale no lugar de Gilardino, que foi mal contra Paraguai e Nova Zelândia.

Escalada no 4-3-3, a Azzurra deu um indício, logo após o pontapé inicial, que iria pressionar adversário. Depois da equipe dar a saída, Di Natale arriscou de longe, por cima do gol. Aos três, Iaquinta tabelou, mas concluiu mal. Indicativo que seria mostraria falso.

Na Eslováquia, o treinador Vladimir Weiss, que deu um show de irritação com os jornalistas durante o Mundial, abandonando duas coletivas de imprensa, também demonstrou insatisfação com o desempenho do time na partida contra o Paraguai (derrota por 2 a 0). E fez quatro alterações na equipe. Kozak, Salata, Sestak e até seu filho, Weiss, perderam a vaga no time. Zabavnik, Kucka, Stoch e Jendrisek iniciaram a partida.

E foi a equipe estreante em Mundiais que teve a primeira grande chance para marcar. Aos cinco minutos, Vittek ajeitou de cabeça para Hamsik. Livre, quase na marca do pênalti, o jogador do Napoli chutou torto. Mas os lances de perigo na metade inicial do primeiro tempo foram ofuscados pelo número de faltas: 12 em 17 minutos.
Vittek (centro) comemora o primeiro gol da Eslováquia diante da Itália (Foto: Agência Reuters)

Com três atacantes em campo, a Azzurra seguia com problemas sérios na armação de jogadas. E uma saída de bola errada complicou ainda mais a situação da atual campeã mundial. Na entrada da área, De Rossi deu a Jabulani no pé de Kucka, que rapidamente acionou Vittek. O atacante dominou e chutou bem, cruzado, no canto direito. Para desespero de Lippi à beira do campo. E de Buffon (contundido) e Pirlo (ainda sem condições de jogar os 90 minutos), lado a lado no banco de reservas.

Apesar da necessidade de reagir diante do resultado que eliminava a equipe, a Itália não conseguia criar algo de perigoso, se limitando a chutões para frente. E a tão famosa defesa da Azzurra não transmitia segurança. Cannavaro levou amarelo aos 30 e poderia ter levado o segundo quatro minutos depois - e o consequente vermelho -, ao atingir Hamsik por trás. O árbitro inglês Howard Webb prefiriu não expulsar o capitão que ergueu a Taça Fifa em 2006.

Os eslovacos aproveitam os espaços e ameaçavam mais que rivais. E o lance mais perigoso da Itália na etapa inicial foi uma conclusão do zagueiro Srktel contra o seu próprio gol aos 40. A bola passou rente ao travessão. O que não passou rente foi a chuteira de Gattuso, que atingiu em cheio o joelho direito de Strba. Com um corte profundo no local, o meia foi retirado de campo. Mas se negou a deixar o jogo quando Kopunek já estava pronto para entrar.

Os dois últimos lances da etapa foram o retrato do período. Enquanto de um lado, Kucka acertou um belo chute de longa distância, assustando Marchetti (a bola acertou a rede, pelo lado de fora), do outro, Montolivo, até mais próximo da meta, pegou errado, isolando a bola.

Com o empate sem gols entre Paraguai e Nova Zelândia em Polokwane, a Azzurra foi para o intervalo com a lanterna do Grupo F.

Emoção até o último instante

Diante da atuação decepcionante italiana no primeiro tempo, Marcello Lippi fez duas alterações, colocando Maggio no lugar de Criscito para tentar dar mais firmeza à retaguarda e um quarto atacante em campo - Quagliarella - no lugar de Gattuso.

A presença de mais um avante não resolveu o maior problema da equipe: a armação de jogadas. Nos dez primeiros minutos, a equipe só ameaçou com um desvio de cabeça de Iaquinta para fora. A esperança azul entrou em campo aos dez minutos. Após ficar ausente dos dois primeiros jogos por uma lesão na panturrilha, Pirlo entrou em campo. Segundos antes de Di Natale chutar errado, perdendo ótima oportunidade. E em seu primeiro lance, o meia do Milan dominou mal e deixou a bola escapar pela lateral.

Aos 17, a Azzura conseguiu acertar uma bola no gol. Di Natale chutou quase da meia-lua e fez com que o goleiro Mucha deixasse de ser um mero espectador da partida, defendendo o arremate. Mas a grande chance surgiu aos 22. Pepe cruzou da direita e encontrou Quagliarella dentro da área. O atacante dominou no peito e mandou uma bomba. A bola venceu Mucha, mas parou em Srktel, que quase dentro do gol, salvou com o joelho esquerdo. Para desespero de Buffon e Gattuso, que não conseguiam ficar sentados no banco.

O lance incendiou a partida. Os italianos abriram a defesa, buscando o gol salvador. E deixando espaços para os eslovacos. Em um contra-ataque, Stoch invadiu, mas chutou para fora aos 24. Mas quatro minutos, não houve erro. Após cobrança de escanteio, Chiellini afastou de cabeça. A bola voltou para Hamsik, que cruzou rasteiro. Vittek se antecipou ao zagueiro italiano e concluiu entre o goleiro Marchetti e a trave esquerda.

Ao ver a bola na rede, Marcello Lippi virou as costas e foi sentar no banco de reservas, demonstrando claramente a decepção italiana. Mas a confiança voltou aos 36. Quagliarella tabelou com Iaquinta e chutou. Mucha defendeu e o rebote sobrou para Di Natale empurrar para a rede.

Com o empate sem gols da Nova Zelândia com o Paraguai, a Itália precisava de mais uma bola na rede para seguir no Mundial. E chegou a balançá-la aos 40. Di Natale cruzou da esquerda, e Quagliarella completou para o gol. Mas o atacante do Napoli estava centímetros à frente do último defensor.

Quando a tragédia italiana parecia que poderia terminar em alegria, a Eslováquia respondeu. Aos 44, em uma desatenção do sistema defensivo rival, Kopunek recebeu um passe de lateral e encobriu Marchetti.

Mas a história da Azzurra é sempre marcada pelo drama. Aos 47, Quagliarella, com um chute de categoria, encobriu Mucha e diminuiu. Dando nova esperança à equipe. Que terminou o jogo dentro da área adversária. Pepe desperdiçou a derradeira chance aos 50 minutos, completando para fora um cruzamento na área. O último capítulo da tragédia italiana na África.

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