ESPECIAL COPA DO MUNDO 2010 - Notícias, Fatos e Fotos.

Dona da ‘melhor defesa do mundo’, atual campeã aposta no 4-3-3, se mantém no ataque por quase todo o jogo e ainda assim tropeça: 1 a 1.


Ofensivo como nunca, sofrido como sempre. “Melhor de defesa do mundo”, a Itália abriu mão de suas origens, se “falsificou”, jogou como um time que prima pelo ataque, entrou em campo do 4-3-3, mas teve dificuldades em sua estreia na Copa do Mundo da África do Sul. Graças a uma falha do goleiro Villar, a Azzurra empatou com o Paraguai, por 1 a 1, em jogo ruim e com raros lances de perigo, nesta segunda-feira, no Green Point, na Cidade do Cabo, pela primeira rodada do Grupo F (assista ao vídeo ao lado com os gols da partida).
De Rossi, remanescente do tetracampeonato conquistado há quatro anos, na Alemanha, impediu a derrota, com um gol aos 17 minutos do segundo tempo. Os paraguaios, que pouco apresentaram para quem se orgulha de ter a “seleção mais empolgante de todos os tempos”, abriu o placar com o zagueiro Alcaráz, de cabeça, aos 39 da etapa inicial.
Na próxima rodada, a Azzurra encara a Nova Zelândia, domingo, às 11h (de Brasília), em Nelspruit. Já o Paraguai tem pela frente a Eslováquia, no mesmo dia, em Bloemfontein, às 8h30m. Eslovacos e neozelandeses completam a rodada inaugural da chave nesta terça, em Rustemburgo.

Com Pirlo de torcedor, Itália pressiona, pressiona, e nada
Apontado como um dos estádios mais bonitos da Copa, o Green Point vivia a expectativa de, enfim, ser “batizado” após o insosso 0 a 0 entre Uruguai e França pelo Grupo A. O clima antes da partida, porém, não era dos mais animadores. Se nas arquibancadas paraguaios e italianos esquentavam a torcida empolgados ao som das vuvuzelas, a temperatura de 8 graus e a forte chuva, até de granizo, indicavam uma noite fria.
Com seu maestro, Pirlo, que se recupera de lesão na panturrilha, como ilustre torcedor no banco de reservas, uma Itália “paraguaia” com estilo ofensivo tentou colocar fogo no jogo e partiu para cima no 4-3-3. Se são os melhores defensores do mundo, como garantiu o capitão Cannaravaro, os italianos mostraram que estão longe de meter medo no ataque.
Nem mesmo o evidente nervosismo do Paraguai facilitou as ações da Azzurra, que tiveram supremacia na posse de bola nos 15 minutos iniciais, mas sequer assustaram o goleiro Villar. Contando com seis tetracampeões entre os titulares, os italianos trocavam passes de um lado para o outro e não conseguiam furar o bloqueio guarani. Faltava o pensador. Faltava Pirlo.
Substituto do meia do Milan, Montolivo era burocrático nos passes laterais e impreciso nos chutes de fora da área. Nas laterais, sim, sobrava espaço. Mas aí o que faltava era qualidade para Zambrotta e Criscito, que não acertavam um cruzamento sequer.
Na defesa, um Cannavaro quase que intransponível brilhava nas antecipações e forçava muitos erros de passe dos paraguaios. Na primeira ação ofensiva, no entanto, a equipe sul-americana foi mais incisiva. Aos 20, Vera conquistou escanteio pela direita. Na cobrança, Riveros ficou com rebote, cabeceou em cima de Chiellini e conseguiu novo tiro de campo.
No contra-ataque, a primeira boa chance da Azzurra. Vera se atrapalhou todo no meio de campo e deu presente para Montolivo. O jogador da Fiorentina partiu em velocidade, gingou para um lado, para o outro, e mandou um peteleco para o gol. A essa altura, a partida que era monótona tinha ficado eletrizante e teve ainda mais duas boas chances, uma para cada lado, em dois minutos. Aos 22, Haedo fez o papel de pivô e rolou para Torres chutar mal. Na sequência, Criscito cruzou da esquerda e Giladirno cabeceou para fora. Quatro minutos intensos, e nada mais.
Do lado sul-americano, Valdéz e Barrios não davam opções para os meias. Do lado europeu, muita posse de bola e passes burocráticos.
Alcaráz salva na defesa e decide no ataque
Dessa forma, só uma jogada de bola parada seria capaz de tirar o zero do placar. Aos 28, a Azzurra teve sua chance em cobrança de escanteio, mas Alcaráz, na pequena área, esticou a perna e evitou a conclusão de Iaquinta. Foi o mais perigoso dos inúmeros chuveirinhos italianos durante todo o primeiro tempo.
Apático, o Paraguai tinha em Haedo Valdéz, incansável de um lado para o outro, sua melhor alternativa. E foi justamente com ele que começou o lance do gol. Aos 39, o atacante foi derrubado por Chiellini na intermediária. Falta perigosa e cobrada com perfeição por Aureliano Torres. No meio da área, Alcaráz, aquele que evitou o gol de Iaquinta, mostrou que é bom também no ataque.
O zagueiro, que superou Verón na luta pela vaga de titular no último treinamento, aproveitou cochilo do até então perfeito Cannavaro, saltou livre e cabeceou no canto de um incrédulo Buffon. Foi a primeira conclusão certeira do Paraguai. E que conclusão!
Na comemoração, rodinha “albiroja” com direito a dancinha. Se com tudo a favor a Itália já custava a acertar as jogadas ofensivas, a desvantagem fez com que a equipe se perdesse até o fim da primeira etapa, quando, cabisbaixos, desceu para o vestiário. Reunidos no centro do gramado, os paraguaios se cumprimentaram e discutiram os erros. Ainda restavam 45 minutos pela frente.
De Rossi aproveita falha de Villar para evitar derrota
Na volta do intervalo, tudo continuava dando errado para a Itália. Ainda no vestiário, a seleção perdeu aquele que talvez seja sua única unanimidade: Buffon. Com um problema no nervo ciático, o goleiro do Juventus deu lugar a Marchetti. Em campo, o nervosismo e a ansiedade pelo empate eram evidentes.
Por outro lado, o tranquilo Paraguai não tinha pressa para sair para o ataque e mantinha a posse de bola. Tanto que aos sete, após tentativa frustrada dos italianos em bicicleta de Pepe, por pouco não ampliou. Lucas Barrios foi desarmado por Cannavaro dentro da área, mas a bola sobrou limpa para Enrique Vera. O volante da LDU dominou, ajeitou o corpo e...chutou nas alturas.
Na sequência, a Itália mais uma vez tentou aproveitar os espaços deixados pelos guaranis após ação ofensiva. Montolivo, por sua vez, repetiu o peteleco que parou em Villar no primeiro tempo e desperdiçou o contragolpe. Tão fácil quanto essa defesa era a interceptação de escanteio aos 17, mas dessa vez o goleiro não foi feliz.
Após cobrança de Pepe, ele subiu totalmente atrapalhado e deu um presente para De Rossi. No segundo pau, o jogador do Roma acreditou, viu a bola passar pelo rival e cair nos seus pés para escorar e colocar o 1 a 1 no placar. Gol e resposta para os que criticavam sua escalação.
Neste momento, o nervosismo trocou de lado. Os paraguaios pareciam ter uma jabulani em chamas em seus pés e apelavam bastante para chutões. A disposição ofensiva italiana, ainda assim, permitia alguns suspiros ofensivos. Aos 21, Lucas Barrios avançou pela esquerda e rolou para Jonathan Santana chutar mal.
Troca de atacantes não dá resultado
Já a Itália, com três atacantes, seguia tomando conta do campo ofensivo e criando pouquíssimo. Gilardino, aos 24, protagonizou a primeira conclusão de um jogador de ataque da Azzurra na partida, e carimbou a zaga. Diante da inoperância de seus ataques, Gerardo Martino e Marcelo Lippi optaram por trocar peças: Di Natale e Santa Cruz entraram nas vagas de Gilardino e Valdéz, respectivamente.
A dupla, no entanto, esteve longe de ser solução para a ausência de poder de fogo. Na verdade, os dois pouco tocaram na bola, e até o apito final do mexicano Benito Archundia apenas mais um lance foi digno de registro: aos 37, Montolivo, enfim, acertou o pé em chute de longe. Villar saltou e fez a defesa com a ponta dos dedos no canto direito.
No fim das contas, o empate acabou sendo justo para uma partida em que o Paraguai, antes empolgado com seu ataque, defendeu com cara de Itália. E a Itália da “melhor defesa do mundo” mostrou que está longe da liderança do ranking dos melhores ataques.
Fonte - Globo.com
 

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