Coleção Joias de Nazaré 2019 homenageia peregrinos da padroeira do Pará



O design paraense entra no círculo de homenagens à padroeira do estado. Nesta quarta-feira (18), o público vai poder conhecer a coleção Joias de Nazaré 2019, que este ano carrega como tema “Peregrinos na Fé de Maria”. As peças produzidas por designers paraenses poderão ser vistas em exposição no Espaço São José Liberto, onde também serão vendidas.
Em sua 16ª edição, a Coleção Joias de Nazaré apresenta peças criadas por 21 designers, e produzidas por microempresas e empreendedores individuais participantes do Programa Polo Joalheiro do Pará; além disso, um grupo de estudantes de Design da Universidade do Estado do Pará (Uepa), que integram o Projeto Lua Nova, também participou do processo.
A professora do curso de Design da Uepa, Rosângela Gouvêa, é também diretora de design da coleção. Ela explica que o processo de criação das peças começa pela definição de um tema, escolhido pelo Polo Joalheiro, a partir de diversas propostas.
Designers também são escolhidos para criar as peças, onde projetam suas próprias visões e estilos. Já Rosângela é a responsável pela curadoria destes projetos. “Tudo começa através do workshop de criação ministrado por mim durante três dias, e posteriormente faço os atendimentos individuais aos participantes. Finalmente faço a seleção dos projetos que serão executados por empresas e ourives, que os adquirem em uma exposição de projetos. Posteriormente analiso as peças prontas sob o critério e fidelidade ao projeto e qualidade do trabalho final”, detalha Rosângela sobre o processo.
Tiara criada por HB Design para a coleção Joias de Nazaré 2019Tiara criada por HB Design para a coleção Joias de Nazaré 2019 (Luan Neves/Divulgação)
Na edição de 2019, inicialmente 150 peças serão apresentadas ao público na exposição, dentre pingentes, anéis, colares, pulseiras, berloques, terços, escapulários, tiaras e brincos. As joias foram criadas e produzidas com metais preciosos, como ouro e prata, 18 tipos de gemas preciosas, além de aplicações de materiais naturais, como chifre de búfalo e madeira imbuia.
Desta forma, o público vai encontrar um acervo de joias com crisoprásio, quartzo hialino, ametistas, peridoto, citrino, pérola, topázio azul, pérola barroca, granada, quartzo hialino bruto, turmalinas rosa e verde, rubi, diamante, opaca, prasiolita, ágata vermelha e turquesa.
Em termos dos profissionais que integram o coletivo das marcas de joias paraenses, destacam-se 21 designers de joias, quatro estudantes de Design da Uepa e uma rede de ourives, lapidários, cravadores e mestres artesão de madeira e chifre de búfalo.
Na abertura e ao longo de todo o tempo da exposição, é possível adquirir exemplares das joias. Os preços variam de acordo com os materiais utilizados e os processos realizados ao longo da produção da peça. "São em geral feitas a mão, o que valoriza o trabalho”, conta Rosângela.
Peça assinada pela marca 'Da Natureza' para a coleção Joias de Nazaré 2019Peça assinada pela marca 'Da Natureza' para a coleção Joias de Nazaré 2019 (Luan Neves/ Divulgação)
A coleção se apresenta como resultado de um diálogo entre criatividade, design, cultura e as diferentes técnicas de ourivesaria artesanal e industrial. As joias da coleção reconhecem na cultura e na fé, índices de valor na sua produção ou fabricação.
Em um momento onde a produção cultural vem sofrendo constantes ataques no país, a coleção das Joias de Nazaré se mostra como um importante exemplo não apenas de resistência, mas como mais um case que mostra o impacto econômico que a cultura tem no país. “É uma exposição que já está consolidada no calendário do Polo [Joalheiro]. É a que mais vende joias produzidas no Pará e por profissionais paraenses homenageando uma das maiores festas religiosas do Brasil. Portanto representa a divulgação de nossa cultura dentro e fora do estado, tanto que tem pessoas locais e de fora que vão no primeiro dia comprar e prestigiar esse trabalho”, destaca Rosângela.
Entre as diversas mãos e processos que resultam na coleção, há o encontro não apenas entre designers e ourives, mas entre profissionais e estudantes de design. Além da importante experiência no currículo dos alunos que participam de tal experiência, isto também reflete no resultado final das peças, como conta a diretora. “Isso aparece principalmente na agregação de materiais diferentes da joalheria tradicional, como fibras, madeiras, incrustação paraense (técnica desenvolvida no estado para dar colorido às joias), ainda joias diferentes das tradicionais”, diz.
Em 2019 a coleção chega a sua 16ª edição. Rosângela explica que ao longo dos anos as joias se adaptam, isto por conta de um trabalho desenvolvido no próprio Polo Joalheiro, onde pesquisas são realizadas a procura de novas técnicas e materiais que possam agregar a joalheria. “É uma tendência mundial, visando criar um diferencial e tornar o setor mais sustentável”, destaca.
Peça criada por Igor Lobato para a coleção Joias de Nazaré 2019Peça criada por Igor Lobato para a coleção Joias de Nazaré 2019 (Luan Neves/ Divulgação)
Desta vez as joias homenageiam aqueles que peregrinam por dias até o encontro com a imagem de Maria de Nazaré. Sobre o resultado, Rosângela destaca a forma como as peças buscaram traduzir o sentimento destas pessoas. “Ela retrata a fé, a gratidão e a reflexão nas graças alcançadas pelos que vem em peregrinação a casa de Maria vê-la e lhe homenagear. É  para todos que praticam a fé é o amor a mãe de Jesus. E ainda alcança aqueles que gostam de um produto religioso sem ser clichê e outros ainda que admiram objetos de fé com ares artísticos e refinados”, diz.
A abertura da exposição contará com uma programação especial e aberta ao público. Às 17h será celebrada uma missa pelo padre Adaílson Oliveira da Silva; seguida de peregrinação da imagem da Santa até o centro da mostra. O encerramento do evento ficará a cargo da apresentação cultural do grupo folclórico “Frutos do Pará”, coordenado pela artista Iracema Oliveira.
Agende-se:
Exposição Joias de Nazaré 2019: Peregrinos na Fé de Maria
Abertura: quarta-feira (18), às 17h;
Visitação: terça à sábado, de 9h às 18h; domingo, de 10h às 16h;
Mostra disponível até o dia 31/10;
Local: Espaço São José Liberto (Praça Amazonas, s/n - Jurunas);
Entrada franca.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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