Luiz Braga apresenta o passado e o presente da paisagem ribeirinha de Belém



O passado e o presente da paisagem ribeirinha de Belém rivalizam nas fotografias de Luiz Braga. Ele reuniu 57 imagens autorais registradas desde os anos 80 até 2019, na projeção “Periferia Ribeirinha de Belém - Uma paisagem de resistência”.
"Fiz um trabalho comparativo com fotos antigas e atuais, no que a realidade se transformou, pressionada pelo mercado imobiliário que ergueu torres e empurrou as pessoas para o rio. Todo aquele jeito de ser dos ribeirinhos, com as construções caracterizadas pela combinação de cores, pelo uso da madeira e a sabedoria de conviver com a natureza em harmonia, foi sendo dissolvido, apagado na paisagem", descreve.
O trabalho será exibido nesta terça-feira, 17, no auditório da Pós-graduação do Instituto de Tecnologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), às 9h. A entrada é franca.
"Periferia Ribeirinha de Belém - Uma paisagem de resistência” foi exibido no mês passado no auditório do Itaú Cultural, em São Paulo, com a participação do escritor João de Jesus Paes Loureiro. Nessa nova exibição, ainda inédita na capital paraense, o autor participa de uma palestra junto com os professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPA, Paulo Ribeiro e Jorge Eiró, e do professor do curso de Artes da mesma universidade, Alexandre Siqueira. O trabalho foi contemplado pelo Edital Rumos do Itaú Cultural.
Obra 'Desarmando a Rede' está na projeção 'Periferia Ribeirinha de Belém - Uma paisagem de Resistência'Obra 'Desarmando a Rede' está na projeção 'Periferia Ribeirinha de Belém - Uma paisagem de Resistência' (Luiz Braga/ Divulgação)
"A minha intenção é chamar a atenção para o potencial estético e de soluções arquitetônicas que existe nessa população ribeirinha. No primeiro olhar, as pessoas chamam de (estilo) caboclo no sentido de brega, mas que prefiro chamar de 'caboquice' como um valor estético de harmonia com a natureza. Sabedoria popular é a maneira como o caboclo pinta a casa, o barco, o bar e desenha as letras. É uma coisa nossa, da Amazônia, que não é menor do que é feito em outros lugares. Temos que reconhecer isso como valor", destaca Luiz Braga.
Em "Periferia Ribeirinha de Belém", Luiz Braga atesta a sabedoria cabocla em driblar as carências com trabalho duro, incluindo as pessoas resistentes dentro dessa visão panorâmica - a partir do rio Guamá, antecipando o frio amontoado de prédios - que as empurra para o fundo do rio. Para ele, o futuro da paisagem ribeirinha é um espelho vazio, uma cidade com cara de nada prestes a emergir. "Ao iniciar o projeto desejava me ater aos grandes planos, mas ao caminhar nas passagens, vielas e trapiches meu olhar não pode se desviar dos habitantes, os detentores desse saber que nos diferencia do resto do mundo"
A pesquisa fotográfica também traz a leitura de arquiteto e urbanista do autor, que tem formação nessa área, na UFPA, apesar de não exercer a profissão. Esse projeto marca a volta de Luiz Braga ao território em que consolidou sua obra fotográfica desde os anos 1980. A realidade de violência tolheu o artista de transitar com a mesma tranquilidade de antes. “Depois de assumir atuar com dois seguranças, assistente e produtor em locais que costumava trabalhar sozinho, sem nunca ter tido um incidente, me permiti me envolver pela criatividade e alegria que ainda pulsam na periferia”, conta.
Agende-se:
Palestra e exibição da projeção "Periferia Ribeirinha de Belém - Uma paisagem de resistência", de Luiz Braga
Data: terça-feira, 17, às 9h
Local: Auditório da Pós-Graduação do Instituto de Tecnologia (PGITEC) da UFPA (Campus II, Guamá)
Entrada franca

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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