Literatura e educação fortalecem a ancestralidade e a vivência indígena



A programação das Vozes Originárias Indígenas, na 23ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes, foi encerrada pela escritora, ativista e empreendedora indígena Eliane Potiguara, no Encontro Literário realizado na Arena Multivozes. As ancestralidade e a literatura indígena pautaram a participação da escritora, que destacou a importância de haver povos originários na produção literária, o que ajuda na divulgação da cultura indígena, além de abordar temas como territorialidade e tradições que fazem parte da vivência desses povos.
A escritora, ativista e empreendedora indígena Eliane Potiguara, no Encontro LiterárioFoto: MARIO QUADROS / ASCOM SECULT“Nos últimos anos, nós temos trabalhado muito a questão da educação indígena, que é um ponto fundamental, porque os professores que são indígenas estão ensinando aos alunos conteúdos dos povos originários - cultura, língua, tradição”, destacou Eliane Potiguara.
Para a ativista, o reconhecimento dos pensamentos indígenas precisa ser evidenciado, pois a ancestralidade indígena possui sabedoria necessária para contribuir com a sociedade atual. “Nossos ancestrais são sábios, mestres da medicina. A conferência do meio ambiente sabe disso, e trouxe líderes para mostrar esses conhecimentos”, ressaltou, acrescentando ser “importante que se valorize e reconheça a autoria de conhecimentos indígenas tradicionais, que têm muito a contribuir com a nossa sociedade”.
Autora do livro “Metade Cara, Metade Máscara”, Eliane conta uma história de amor pautada em temas políticos, autoestima, o ser espiritual e o fortalecimento do homem. A obra valoriza o amor pela família e ancestralidade.Crianças e adultos, de etnias diversas, ouviram as Vozes Originárias IndígenasFoto: MARIO QUADROS / ASCOM SECULT
Márcia Kambeba, poeta, geógrafa e mediadora do Encontro Literário, destacou a importância de se debater temas como a preservação da Amazônia e a sabedoria indígena, considerada por ela algo para a sociedade se espelhar. “O viver indígena já engloba um cuidado com a natureza e com o outro, dentro de um conhecimento que é milenar, ancestral e espiritual. Na aldeia não existe cadeia, hospício, porque sabemos lidar com a lógica do bem saber e o bem viver, que é uma lógica que tem que ser aprendida pela cidade”, frisou.
O público participou ativamente do debate na Feira do Livro sobre o conhecimento ancestralFoto: MARIO QUADROS / ASCOM SECULTEncontros - A programação da Feira Pan-Amazônica do Livro permite o encontro com histórias de indígenas que superam estigmas sociais. É o caso de Nice Kwatj, a primeira e única jornalista indígena do Pará, originária do povo Camutá, da Nação Tupinambá. Segundo ela, é muito importante promover o diálogo, para ajudar a derrubar estereótipos sociais. “Estamos aqui nesta Feira trazendo nossa cultura e nosso pensamento. Como comunicadora indígena, desconstruir estereótipos é o meu principal papel”, afirmou.
Nice Kwatj disse ainda que “posso ser jornalista, médica, blogueira, e tudo isso sem perder a minha identidade indígena. Podemos nos misturar e nos inserir em outros povos, no contexto urbano, e ainda assim adquirir outras culturas sem perder a nossa ancestralidade”.


Fonte: Agência Pará (Texto e Foto)

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