Caderno E - Os Bastidores do Futebol

Edição: Paulo Henrique e Cleoson Vilar
                                
                             BRASILEIRÃO 2010.

Fortaleza faz gol no final e dá o troco no Papão
O sol escaldante não intimidou e as filas quilométricas do lado de fora do Mangueirão já indicavam que a torcida queria ver espetáculo do Paysandu sobre o Fortaleza. Para atingir esse objetivo, dentro do gramado, valeu até evocar o craque do passado, Quarentinha, que entrou uniformizado em campo ao lado do capitão Sandro. No entanto, o resultado de 1 a 1, com gols do bicolor Paulão e do tricolor Finazzi, não foi aquilo que a Fiel esperava e a classificação antecipada não foi possível.
O Paysandu segue líder com 11 pontos em cinco jogos e vai enfrentar o Águia, no sábado (28), em Marabá, enquanto o Tricolor de Aço continua vice-líder com 7 pontos e pega o São Raimundo em Fortaleza, no domingo (29).
O Papão da Curuzu voltou a sofrer da síndrome do segundo tempo que tanto o atormenta e, de novo, entregou o empate no finalzinho do jogo, em um repeteco do primeiro embate entre as duas agremiações, no Castelão (CE).
A superioridade aparente dos bicolores foi evidente no início, o desenrolar do jogo acontecia praticamente todo no lado do Fortaleza, enquanto Fávaro assistia de longe. Mas existe um intervalo entre os 90 minutos e foi justo nesse ‘pit stop’ que o técnico Zé Teodoro conseguiu arrumar a equipe, até então pouco objetiva, e partiu para o tudo ou nada em cima do Papão.
As chances desperdiçadas pelo alviceleste fizeram falta e o placar de 1 a 0 era perigoso. Se Bruno Rangel perdeu uma boa chance e o Fortaleza pressionava, então, nada como lançar o predestinado Zé Augusto no ataque. Contudo, foi mesmo o outro Zé, Teodoro, que prenunciou o destino com uma frase logo após o primeiro encontro das duas agremiações, em Fortaleza: “Se eles conseguiram arrancar esse empate aqui, por que nós não podemos fazer o mesmo lá em Belém?”, questionava. E não é que ele estava certo?

Luz amarela está acesa na Curuzu
O resultado do jogo com o Fortaleza não foi o que a torcida do Paysandu queria, muito menos os homens que fazem o futebol bicolor. Ao final do jogo, o que não faltou foi lamentações pela chance de deixar escapar os três pontos dentro de casa, com o apoio de um público imenso.
O presidente Luiz Omar Pinheiro, que costuma dar seu parecer ao final das apresentações, considerou que a luz amarela de atenção voltou a piscar sobre o plantel. “Não gostei do resultado, mas foi até bom ter acontecido. Isso mostra que o Paysandu não é um super time, mas a gente teve um resultado normal”.
Já o lateral Bosco pede que a equipe se mantenha unida. “O nosso time não conseguiu mais trabalhar a bola, mas a gente tem que continuar de cabeça erguida. Hoje foi uma fatalidade, mas o nosso time está bem”, ressaltou. Para o ala direito, agora é preciso redobrar os cuidados e evitar novos tropeços. “Mais um escorregão nosso e as equipes vão encostar”, analisou, de olho na pontuação dos adversários.

Descuidos na etapa final preocupam
A síndrome do segundo tempo no time do Paysandu não é novidade. Durante o Campeonato Paraense, a instabilidade da equipe que atuava de uma maneira distinta em cada etapa também foi motivo de preocupação. Contudo, durante a Série C, essa característica voltou a se evidenciar desde a partida contra o São Raimundo, no último dia 15, quando o Pantera também botou pressão nos 45 minutos finais, em Santarém, mas sem conseguir reverter a vitória bicolor.
O arqueiro Alexandre Fávaro considera que esse problema precisa ser solucionado. “Temos uma situação tranquila na tabela. Mas, nos jogos a gente tem dificuldade no segundo tempo e não podemos ignorar isso. Agora temos que nos concentrar no Águia”, direcionava. Fávaro cita ainda que a boa campanha escondia as falhas, mas que o empate deixou-as expostas. “Com os bons resultados a coisa ficava escondida, mas em um resultado desse os problemas aparecem. Não podemos dar bobeira”, observa.
A análise do goleiro termina com uma constatação, o Papão tem bons desempenhos quando está sob cobranças. “A nossa equipe joga melhor quando está pressionada. Isso é até bom para a gente acordar. Eles vieram para cima no segundo tempo, quando a gente deu uma ‘cansadinha’, mas, vamos ver se nos próximos jogos as coisas acontecem”, torce.
Outro que analisou a letargia da etapa final foi o meia Thiago Potiguar, que criou várias jogadas, mal aproveitadas pelo ataque. “O Charles tem que ver isso também. No segundo tempo a gente vai caindo de produção. Temos que reverter isso. Não é cansaço, todo jogo cansa. Tem é que trabalhar mais a bola no segundo tempo”, explicou. (Diário do Pará)



Série D: vinte times correm atrás do acesso
No funil da Série D, os vinte primeiros já passaram, deixando pra trás a fase de grupos e entrando no temido mata-mata, onde uma única jornada infeliz pode significar mais um ano no limbo do futebol nacional. Com direito a Remo e Santa Cruz no rumo certo para o acesso, a segunda fase da quarta divisão deve começar no dia 5 de setembro, prometendo fortes emoções nos quatro cantos do país, com exceção, curiosamente para o estado de São Paulo, sem representantes daqui pra frente.
Há dois anos longe da Série C, o Clube do Remo mexe com o coração de boa parte da Amazônia Legal, isso sem falar nos azulinos espalhados Brasil afora e que esperam ver esse ano o retorno à Série C. Tido como favorito ao acesso e ao título, inclusive pelo técnico Giba, o Remo é sem dúvidas uma das principais potências que seguem na competição. E se o fenômeno azul voltar a lotar o Mangueirão, metade dessas conquistas já está encaminhada. Sendo assim, o Vila Aurora, primeiro desafiante do Leão no mata-mata, que se cuide.
Assim como o rival do Norte, no Nordeste, o Santa Cruz também caiu para a Série D em 2009 e pelo segundo ano seguido tenta mostrar que a camisa coral ainda tem o peso de outrora. Pelo menos nas arquibancadas a força pernambucana tem dado resultado e o time tem a melhor média de público da competição. E a torcida coral pode mostrar sua força logo de cara contra o Guarany, do Ceará, adversário do Santa Cruz no mata-mata, já que o time pernambucano se classificou apenas em 2º do grupo, atrás do CSA.
Além de Remo e Santa Cruz, merece destaque positivo nessa Série D o Mixto, do Mato Grosso, que terminou a primeira fase com a melhor campanha geral, invicto, com cinco vitórias e apenas um empate e na próxima fase enfrenta o América, do Amazonas, que se classificou com um gol de pênalti aos 48 do segundo tempo, deixando de fora o Cametá. (Diário do Pará)

Remo perde por 3 a 1 para o time do Cametá
Sendo rígido, é possível dizer que o Remo jogou, de fato e de direito, menos de um tempo. Aproximadamente os 20 primeiros minutos iniciais do segundo tempo. Foi só. Os 70 minutos restantes foram de timidez, de dificuldade para criar. Natural, então, a vitória do Cametá por 3 a 1, ontem, no Parque do Bacurau. O resultado negativo, contudo, não teve o poder de alterar a tabela do Grupo A da Série D do Brasileirão. O Remo já era o líder e o Mapará acabou sendo eliminado. O gol de Batista, aos 48 minutos do segundo tempo, deu a vitória ao América-AM por 2 a 1 sobre o Cristal-AP, em Santana, no Amapá, tirando o Cametá da disputa.
No primeiro tempo, o fantasma de um problema antigo. Novamente, o Remo não contou com a inspiração do setor ofensivo de meio-campo. Os apoiadores Gilsinho e Canindé voltaram ser discretos. E dessa vez, a válvula de escape, que são as subidas dos laterais, também não se constituíram como tal.
Agressivo, por sua vez, o Cametá viveu um momento superior desde o início do jogo. O gol anulado de João Gomes, além de uma defesa do goleiro Adriano, comprovam a performance superior dos anfitriões. A partir dos 10, porém, o Leão, por meio de Vélber, sobretudo, conseguiu se livrar mais da marcação sob pressão, realizada pelo Mapará. Foi Vélber quem tabelou e colocou Heliton em condições de marcar. Entretanto, o atacante pecou na finalização. De fato, foi a única chance do time de Giba na etapa inicial. O restante do primeiro tempo se desenrolou com intenso trabalho para o sistema de marcação azulino. Até que numa cobrança de escanteio, a defesa falhou e João Gomes fez o primeiro.
Para dar criatividade ao Leão, Giba mexeu duas vezes. Tirou Gilsinho e Canindé e pôs Samir e Gian. E no segundo tempo, a equipe remista melhorou sensivelmente. Samir, aliás, sofreu a falta, que Marlon cobrou para empatar. Sem chances de defesa para Evandro. Minutos depois, porém, um contra-ataque restabeleceu a vantagem. Balão foi o autor do segundo gol a favor do Cametá. Fazendo justiça, Leandro Cearense fez o terceiro e acabou com qualquer possibilidade de reação.


Giba teve que dar o braço a torcer: “o time foi mal”, admite
Sem meias palavras, sincero, o treinador do Remo admitiu a pouquíssima inspiração da equipe em meio a última rodada da primeira fase. “O time foi mal, jogou mal”, disse, de forma lacônica ainda no gramado do estádio Parque do Bacurau. Nos vestiários, ele estendeu a sua análise e foi preciso ao listar e verificar a pouca criação de lances ofensivos “Foi muito pouco, ficamos atrás. No segundo tempo, tivemos até uma dinâmica maior. Mas, atuamos bem abaixo, que sirva de alerta”, enfatizou.
Giba contabilizou dois problemas. Ambos, de ordem tática. “O Levy está aprendendo a jogar, agora, como lateral. Já o Lima dá uma consistência mais segura no sentido de cobertura. Se você olhar o segundo gol, vai ver isso”, afirmou, sobre a ausência do titular, suspenso. “Precisávamos do jogador referência, ou o Zé Carlos ou o Frontini. A primeira bola sempre foi do adversário”, comentou. Zé está lesionado e Fronti segue gripado.
Mas, o principal assunto debatido foi a má fase técnica dos armadores, Gilsinho e Canindé. Giba opinou e, em parte, defendeu seus jogadores, a despeito de ter admitido o problema de criação. “Entendo que são atletas que estão alternando o rendimento. O Canindé fez uma boa jogada. O Gilsinho pareceu desfocado do jogo, tava disperso e até colocou mão na bola”, admitiu.
Para concluir, o comandante falou direto com o torcedor, preocupado com o primeiro tropeço na competição nacional. “Hoje, não encaixou o jogo de acordo com as nossas características. Mas, fique tranquilo, torcedor, que nos estamos trabalhando. Estamos bem focados em dar aos atletas condições de jogar. Não pode perder a concentração!”, frisou, seguindo acerca da fase seguinte. “Chegaremos fortes”, prometeu. (Diário do Pará)

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